tag:blogger.com,1999:blog-50608106410676641522024-02-20T08:02:31.051-03:00Rock Way of LifeCRÔNICAS DE UM ROQUEIRO-E-MEIOMarat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.comBlogger100125tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-48585820793955023042014-04-07T20:12:00.000-03:002014-04-07T20:31:04.080-03:00Pele vermelha<span style="background-color: #f3f3f3;"><br /></span>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Meu vô trabalhava em algum escritório capenga das ferrovias gaúchas, em Porto Alegre. Dá pra imaginar que, na década de 40, não devesse ser esse lugar um lindo prédio de escritórios para bem vestidos executivos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Como boa parte da população de casta média-baixa da capital gaudéria, meu vô era Colorado. Torcedor clássico do Inter, <i>apesar </i>da cor branca alemã que lhe empalidecia a tez. Apontar esse detalhe é mister para ambientar o padrão de torcedores dos times grandes de Porto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O pouco dinheiro que entrava vindo do ferrocarril dos pampas e do aluguel de pequenos quartos na própria casa do meu vô lhe permitia certas loucuras que hoje seriam comuns. Na década de 40 e 50 não era. Os ônibus eram barulhentos, desconfortáveis, as estradas eram um acinte às suspensões e a oferta de lugares onde dormir e comer era menor ou pior. E lá ia o vô pra ver seu time preferido, "somente" o Rolo Compressor, máquina esportiva de tocar terror nos adversários!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Meu vô levava meu pai, ainda na versão kids, para ver jogos no Estádio dos Eucaliptos, casa vermelha pré-era Beira-Rio. O velho (o pai) conta emocionado, mas numa emoção contida que lhe é peculiar, de como era entrar nas tribunas e ver os jogos do time mandante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Daí, veio o Beira-Rio. Papai, nos anos 80, chegou a pagar mensalidade do Parque Gigante, detalhe que foi descoberto recentemente. Mas me deu camisetinha do Inter quando eu fui criança. De Colorado pra Colorado... vô, filho e neto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">O vô, representante do escopo popular da torcida alvirrubra, não viu a inauguração do Gigante da Beira-Rio. Infelizmente, ele também não viu o mundo pintado da cor do sangue em 2006.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: #f3f3f3; color: #cc0000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas no dia em que eu sentar novamente no estádio, agora reinaugurado e elevado à pujança que talvez tenha passado pelos poucos cabelos do meu vô, eu vou guardar um lugar ao meu lado. </span></div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-65845436324517800262014-03-07T01:11:00.000-02:002014-03-11T00:01:03.504-03:00O charme das pernas tortas<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;">Não, nada a ver com o craque Garrincha e seus cambitos rengos. A parada aqui é mulher mesmo, apesar de isso estar tão <i>out </i>hoje...</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;">Insisto que o mundo precisa de menos edição gráfica (aos leigos: Photoshop, que, sim!, faz milagres). A beleza dos corpos vem de algo natural... de dentro pra fora, pra usar um recurso mais popularesco. Os gregos, aqueles veados, já sabiam disso muito antes de vossos antepassados procriarem. Não é à toa que ainda se venera a arte clássica.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;">Se tu pegar qualquer livro de História (que seja da Arte), vai ver que a mulherada até o Renascimento era retratada com a opulência que os músculos e a gordura gentilmente localizada assentava às figuras. Não raro enredo pra punheta da gurizada da época. Ou de hoje.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;">É no detalhe escondido que mora o almíscar reservado para poucos. Justamente porque poucos se deram conta (thanx God!) de que uma mulher com corpo irretocavelmente marombado e barriga tanquinho ou negativa é muito... óbvio. É como aquele vinho barato de 30 pila que tu compra no supermercado e acha que tá levando o fino das vinícolas argentinas.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;">E aí venho a público declarar (rufam os tambores!) que prefiro as pernas tortas às trabalhadas com <i>leg press</i>. Não aquelas que deixam a aparência de que a criatura desceu de um potro taludo e não conseguiu endireitar as canetas. Tenho minhas preferências, mesmo dentro das ditas anormalidades. Falo daquele desenho que começa com as coxas próximas e o joelho faz as canelas se afastarem. Se tiver um pé suavemente virado pra dentro, chego aos píncaros do fetiche.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="color: #444444;">As pernas tortas são um acinte ao padrão do povo. Elas dizem "olhe para nós: ainda somos pernas e temos um desenho único e divertido! Não precisamos ser certinhas para termos nosso lugar sob o Sol!". Elas espinafram deboche na simetria correta e na proporção áurea. Ignoram o esforço dos hormônios masculinos destruidores de vozes femininas e dão uma nova opção aos olhos.<br /><br />Não sei se um dia as meninas vão parar de usar botinhas ortopédicas. Mas até lá, que algum editor de imagem esqueça de endireitar o que nasceu torto. </span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span></div>
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"></span><br />
<span style="color: #444444;"></span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-54123922539762486652014-02-14T13:32:00.000-02:002014-02-14T13:35:56.104-02:00Funk, Do it Yourself & o punk da Favela<div style="text-align: justify;">
<i>A seguir, um texto (publicado originalmente no Facebook, lúcido, direto, quase cabeça, enorme e arrasador de velhos alicerces escrito por meu amigo Rômulo Carniel (frise-se: umas das top 3 mentes mais inspiradoras com a qual tive oportunidade de conviver na minha pós-adolescência). Antes que pareça apenas rasgação de seda, digo que o texto botou até eu, notório cabeça dura reaça, pra pensar.</i><br />
<br />
</div>
<div class="_5k3v _5k3w clearfix" style="text-align: justify;">
<div>
"Mas vou dizer que eu nutro
simpatias pelos manos da perifa. Não pertenço àquele universo, não me
vejo representado nas letras (tá, no ostentação rola uma identificação
de cantinho: quem não quer contar plaquê de 100 dentro de um Citröen?),
muito menos compro os cds ou baixo as músicas. Porém, todavia, no
entanto, a sacanagem intrínseca e espontânea da parada me desperta bem
mais o interesse e a simpatia do que, por exemplo, a posturinha forçada
do bom-mocismo temperado com pitadas bem dosadas de "sensualidade
latina"do sertanejo universi(o)tário. A canastrice do Funk me soa mais
genuína e verdadeira.<br />
<br />
Sem falar que todo roqueiro de mente
aberta que se preze, aquele que cultiva o senso crítico, que ainda
não perdeu o senso de humor e que tenta manter vivas as virtudes cristãs
(ou anti, vai saber...) da irreverência e da iconoclastia - que mais de
uma vez na história recente foram a reserva de forças que salvaram o
Rock'n'Roll de morrer afogado em seu próprio marasmo auto-replicante -
procura se manter à distância máxima dessa retórica bundona de
"superioridade intelectual", "bom gosto", "habilidade musical", "letras
cabeça", e blá blá blá de "poesia" e “lirismo”. Não que habilidade, boas
letras e bom gosto não sejam legais, essenciais até. Ok, mas além de
conceitos pra lá de subjetivos e arbitrários, sozinhos são só encheção
de saco e de linguiça, não enchem barriga de ninguém que tenha cérebro e
tripas saudáveis, se me entendem. E não foi apenas disso que o Rock - e
toda a música Pop, na real - sobreviveu, mas sim da energia e da
atitude para chutar a porta da frente toda vez que foi preciso.<br />
<br />
A
verdade é que boa parte do Rock Nacional vive de passado. Não apresenta
nada de novo - salvo honrosas exceções que não tocam em muitas FMs. Não
apresenta perspectivas de futuro além de se tornar outro fóssil
cultural, venerável, porém estanque, aos moldes do Jazz e da velha MPB.
Ainda assim, quer ter a empáfia de criticar toda a manifestação cultural
que não se guia por seus parâmetros roqueiros de qualidade. Puro mimimi
de quem engessou a própria criatividade e está satisfeito com isso. Ao
invés de assumir velhas posturas que antes apenas a intelectualidade
bundona da velha MPB adotava, os "roqueirões"de hoje deviam era colocar
os miolos - e se possível as vísceras - pra funcionar e tentar canalizar
a força bruta do funk carioca para algo que realmente sacuda as
estruturas, que dê uma renovada no cenário. Tipo o Edu K fez há quase 20
anos atrás. Ou a Comunidade Ninjitsu, injustamente deplorada pelo
adolescente careta que fui. Ironicamente, precisei conhecer, já na idade
adulta as bandas dos anos 80, 70 e 60 que eles sampleavam para depois
sacar o quão interessante foi a proposta de perverter aqueles hits com
refrões irrevrentes de funk carioca.<br />
<br />
Não se trata de negar
o passado. O que foi bom sempre vai ser. Clássicos são clássicos, mas
eles devem ter outra função que não apenas inspirar veneração e cópia.
Temos que ter a coragem e o peito de desconstruir os clássicos, de pegar
nossas velhas Rolling Stones e picotá-las para fazer uma nova colagem,
se possível com retalhos de outras revistas e livros diferentes, se é
que a metáfora se encaixa. Afinal, não foi de mistureba de estilos,
bebendo direto nas fontes dos guetos e das ruas, simplificando e
adaptando, que o Rock surgiu e se popularizou? Não foi saindo para a rua
e sacando o que estava acontecendo ao redor que o Rock se renovou
tantas vezes e sobreviveu a todas as armadilhas da indústria cultural,
muitas criadas por ele mesmo?<br />
<br />
Até quando o Roqueiro
brasileiro vai encarar a música como se fosse uma religião imutável e
tudo o que for diferente - e mais popular - como uma heresia execrável? É
só música, pô! E pop, ainda por cima! Não é música erudita, cheia de
regrinhas matemáticas e discussões técnicas. Esta tem seu lugar
garantido na história, está lá para os estudiosos e ainda viva nas salas
e teatros. Na música popular (sim, o Rock é música popular) a técnica, a
forma e o estilo podem até ser importantes, mas servem a outros
objetivos, talvez não tão nobres, porém maiores e vitais: à celebração, à
diversão, ao ritual de acasalamento em volta da fogueira, o chacoalhar
de esqueleto dos nossos antepassados pra espantar o frio, a fome, o medo
e o tédio. É pura carne, não nos esqueçamos! E o Funk Brasileiro,
abstraindo os investimentos maciços de grana que a indústria cultural
vem fazendo a cada ano no cenário, ainda cumpre bastante bem esse papel
primitivo, que no passado o Rock cumpriu tão bem e ainda pode cumprir:
dar vazão aos instintos básicos, que sem isso enlouquecemos ou nos
tornamos cascas vazias.<br />
<br />
Será que as letras do Rock são tão
superiores ao Funk assim? Os punkzões intelectuais de plantão pararam
para ouvir as letras dos Dead Boys, os “Sex Pistols de NY”? Só pra
avisar: são de uma bagaceirice de fazer sorrir o MC Catra no inferno. E
os Fãs do bom e velho Hardão, pararam pra pensar no quão superficial são
algumas letras do Kiss, por exemplo? E o Guns`n`roses, com seus clipes
apoteóticos, com direito a casamentos faraônicos, destruição de carrões
em penhascos e muito veludo e cetim rasgado, são menos ostentatórios do
que o MC Guimê e sua coleção de motos e cachorras? Só os MCs são
ridículos por usar correntão de ouro? O Funk faz apologia à violência e
às drogas? E Oo Rock é santinho então, não cultua bad boys
transgressores, seus anti-heróis não se drogam nem agridem ninguém?
Falar do Funk então porquê? Por causa da primariedade precária das
músicas? Mas os Ramones e os Sex Pistols? Não eram toscos pra caralho
quando surgiram? Falar da batida eletrônica repetitiva? Mas e as bandas
do sinth pop e do eletro oitentista, que começaram a usar mais
instrumentos eletrônicos? O Bauhaus é Cult entre o pessoal “cabeça” que
curte New Wave e Pós Punk, e tem alguns sons que são puro ruído de
sintetizadores se repetindo ad infinitum. E os Beastie Boys, que
misturaram o Punk com o Hip Hop, abusando de samplers e batidas
eletrônicas? O Funk Carioca é imoral e só fala de sexo? Mas do que falam
mesmo muitas das letras do Rock, de todos os estilos? O Chuck Berry, o
Little Richards e o Jerry Lee tavam falando de quê quando chamavam as
adolescentes para chacoalhar até virarem grandes bolas de fogo? E o
Elvis rebolando pra caralho? Gente, o John Lennon (pra alguns o
verdadeiro santinho doce e intelectual do flower power, pois sim...) deu
a morta faz tempo: tudo acaba em sacanagem e rala coxa. Não ouviu quem
não quis, ou tava chapado demais em sua própria ingenuidade embalada a
LSD. Roqueiro adora apontar o moralismo dos outros, mas quando dá pra
ser moralista...<br />
<br />
Os MCs do Funk brasileiro e seu público
cativo certamente estão alheios a esta discussão, como certamente o Bill
Halley e seus cometas, o Buddy Holly e o Gene Vincent também estavam lá
em 1950 e poucos, quando começaram a simplificar o rhythm and blues e
outros ritmos da música negra americana para consumo televisivo de um
público branco, nascido no pós guerra e que estava entediado, louco por
mudanças e um pouco de diversão. Como eles, talvez muitos funkeiros não
tenham consciência de que estão refletindo as mudanças profundas de sua
sociedade, num momento de inflexão da história. Muito menos alimentam
pretensões revolucionárias e contestatórias, como querem alguns. Porém,
apesar de abraçar, desejar e aceitar o status quo da sociedade e da
economia em que vivem, involuntariamente a modificam profunda e
irreversivelmente. A história se repete e até os resmungos incompreensão
e de crítica moralista são similares.<br />
<br />
O Rock dos anos 50
era inconsequente e até alienado, mas era cheio de vida e energia.
Muitos roqueiros de carteirinha hoje se surpreendem ao serem defrontados
com a crua realidade de que o Rock surgiu, sim, como uma modismo quase
passageiro entre os anos de 1955 e 1959 , fomentado pela mídia e movido a
grandes somas de dinheiro. Exatamente como outros modismos por eles
criticados nas décadas seguintes, como a disco music nos 70`s, o Sinth
Pop e o New Romantic nos 80’s, as Boy Bands dos anos 90 e início dos
2000 e agora, especificamente no cenário brasileiro da segunda década do
século XXI, o Funk – que não é mais só carioca.<br />
<br />
Talvez
por isso muitos tendem se enganar, achando que o Rock só começou mesmo
pra valer com os Beatles desembarcando nos EUA em 64 e os Stones em 65.
Engano de vocês, crianças. Começou antes mesmo das reboladas do Elvis na
TV em 55. Começou nos botecos de beira de estrada no interior rural dos
EUA (Para quem quiser ver um retrato interessante dessa era, indico o
filme <i>The Honeydripper</i>), depois nos becos das grandes cidades, com gente
semi-analfabeta tocando do jeito que dava, com o pouco que sabiam de
teoria musical e com os instrumentos que tinham à mão, tocando Blues,
Rhythm and blues e o Ragtime que aprendiam com seus tios, primos e
amigos na esquinas e nos pátios das casas. Do mesmo jeito que os manos
do funk. Só depois é que foram parar nas gravadoras. E as festas eram
que nem os bailes funks de hoje: cheio de gente preta e pobre, botando
pra quebrar, dançando até o chão se esfregando pelos cantos e esticando a
noitada em algum quarto escuro. Há farta documentação fotográfica
desses antros – e é um material que vale muito a pena de ser conferido.
Pura diversão, sem neuras, sem as implicações políticas que a
malandragem da esquerda sempre quer ver e sem os tabus morais que a
direita careta sempre enxerga. Simples assim, como uma letra de funk. O
bom e velho instinto de sobrevivência dizendo que, para viver mais uma
semana sem enlouquecer nos campos e nas fábricas, é bom soltar um pouco
as rédeas e enlouquecer por uma ou duas noites.<br />
<br />
Isso é
Rock’n’nroll. E isso é o Funk no Brasil hoje. E isso é um sopro de ar
fresco na cultura Pop. Se vai ter gente esperta sabendo para onde
apontar as velas do seu barco nessa brisa, daí é outra história. Sou
cético, mas o primeiro passo é remover a venda do preconceito – Como fez
Caetano nos anos 60 ao introduzir a Guitarra elétrica na MPB; ou o
Jorge Ben, ao misturar o Samba com o Rock; Ou como o Marcelo D2,
misturando Samba e HipHop; Ou como o Tim Maia ao cantar soul music em
português; Ou, finalmente, como Bob Dylan obrigou a fazer o cenário do
Folk americano e britânico ao colocar no palco com ele uma banda
eletrificada de Rock na metade dos anos 60. Sim, o Rock`n`roll era
considerado música intelectualmente inferior, minha gente, coisa de
adolescente alienado. Até 1965, lá fora, o Folk é que era descolado,
coisa de gente maneira, cool e de bom gosto. Primeiro, o folk foi coisa
de intelectual de esquerda. Depois da rapaziada descolada, o pessoal
Cult que lia os Beats, vejam a ironia, logo os Beats que ouviram Jazz
quando o jazz ainda não era careta... E o Rock, bem... O Rock era o Funk
do iníco dos anos 60: fazia muito barulho mas não era levado nem um
pouco a sério. Precisou o Dylan, com toda a sua aura de “voz de uma
geração”, construída com muita canção folk de protesto e visual
caipira/descolado/politizado nos anos anteriores a 65 pra chamar a
atenção da <i>inteligetzia</i> musical para o potencial explosivo
dessa coisa chamada Rock’n’roll. E precisou os Beatles elogiarem
publicamente o Dylan para as adolescentes dos dois lados dos oceanos
darem um tempo entre um gritinho histérico e outro e prestarem atenção
em outros estilos, pegarem uns livrinhos para ler, etc e tal.<br />
<br />
Daí
pra frente aconteceu o que todos já sabem – e o que todo roqueiro
metido a intelectual refinado tenta se convencer de que foi o começo
bíblico dos tempos: a psicodelia (que já vinha se desenhando na
California, com reflexos em Londres e Nova York, independentemente do
que Dylan ou Lennon diziam sob os holofotes) ganhou o mundo e mudou a
estética, o movimento hippie (que também já existia desde o final dos
anos 50, só ganhou os noticiários em 67 e só chegou no Brasil depois de
69) se popularizou, o sexo deixou de ser tabu, Maconha, LSD, Discussões
intelectuais em mesa de Bar, sofisticação das bandas em ritmo
exponencial, altas somas de grana na indústria musical, mega festivais,
mega shows, saco cheio e desilusão no início dos 70, exageros e paródias
na metade da década, revolta, niilismo, punk e skinhead no final
daquela década, overdoses de heroína, os iuppies e o pós punk, nos anos
80, o restinho da new wave, o hard farofa, o grunge e o brit pop nos 90,
o Indie e o eletro nos 2000, etc etc etc...<br />
<br />
O Rock se
sofisticou e se diversificou. Mas uma coisa é certa: toda vez que
ameaçou paralisar e estagnar, alguém chutou a porta e movimentou as
coisas. E isso porque a inquietude, a iconoclastia e a flexibilidade de
adaptação estão no DNA do estilo, herdado lá dos botecos e inferninhos
dos anos 1940, das favelas urbanas e rurais dos EUA, tão diferentes e ao
mesmo tempo tão parecidas com muitas aqui do Brasil e do mundo. E aqui
ainda temos algo que os “modernos”de 1922 chamaram de “antropofagia”,
que nos permite fagocitar tudo que nos interesse. O que não mata
engorda, diz o ditado pop. Então porquê temer e torcer o nariz para o
Funk? Só porque alguns deles talvez não saibam quem foi James Brown e o
que significa groove ou soul? E daí que alguns desses caras não saibam
tocar um instrumento ou não tenham noção de tom e tempo? Só o John Lydon
podia desafinar? E toda a energia transbordante, todo o <i>Do It Yourself</i>
quase punk que essa galera tem, essa vontade de botar o baile pra
ferver, colocar a casa a baixo? Não tem valor nenhum? Não gosta das
letras, amigo? Pensa numa melhor, faça a sua versão, sabidão! Pegue a
proposta sonora e a transforme em outra coisa. As possibilidades estão
em aberto.<br />
<br />
Quando Dylan plugou sua guitarra, em 1965, os
roqueiros olharam desconfiados, mas acabaram aceitando aquela nova forma
de fazer som, aquela maneira diferente, mais cabeça de dizer as coisas
que estavam sentindo, usando a linguagem que conheciam, a da guitarra
elétrica. O pessoal do Folk foi quem torceu mais o nariz, boicotaram
shows, vaiaram, crucificaram o Dylam e o chamaram de “traidor do
movimento”. Mas no final daquela década, caras como Willie Nelson e Pete
Seeger, ao verem sua própria base de fãs crescer, com jovens que,
talvez, se não tivesse ouvido o Dylan “plugado”primeiro nunca tivessem
chegado ao Folk, deram o braço a torcer. Perceberam a força que aquelas
músicas concebidas para serem tocadas ao violão adquiriam com o peso de
uma banda de Rock e muitos adotaram formações roqueiras em suas próprias
bandas. O Folk sobreviveu e está integrado na cultura Pop até hoje.
Tudo porque se obrigou a deixar o preconceito de lado e aceitar o
parentesco com o Rock, que era considerado superficial e tosco, o primo
pobre da música popular. O Rock, por sua vez, se beneficiou amadurecendo
e deixando de ser bobinho, ganhou respeito.<br />
<br />
Muitos estão
pensando: “esse cara está propondo que o Rock se agarre ao funk para se
salvar?” E já vejo pedras sendo juntadas do chão para serem atiradas.
Calma. Não sou tão crédulo. Duvido que surja um Dylan no Rock Brasileiro
que traga o Funk para o respeito dos intelectuais e o Rock para
desfrute da favela. Não existem messias no mundo real e Dylan não foi
um, por mais que tentassem fazer crer. Além disso, um messias
intelectualizado aqui não caberia no contexto de um baile funk. Prefiro o
Edu K cantando “vai popozuda”com uma chupeta de plástico na boca. E
acho que faria muito bem para arejar certas cabeças reconhecer que o
Funk é, sim, o primo pobre do velho Rock`n`roll no Brasil. E admitir que
as festinhas no barraco desse primo andam bem mais divertidas e
movimentadas do que a junção de velhos ranzinzas lá em casa."<br />
<br />
(CARNIEL, Rômulo, 14 de Febreiro de 2014)</div>
</div>
<br />
<br />Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-83949982760525815262013-12-05T21:51:00.000-02:002013-12-05T21:53:05.646-02:00Mini-conto IX<h3>
<span style="color: #274e13;">Ciuminho</span></h3>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">- Bah, tu nem sabe, amor!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">- Que foi?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">- Uma guria me contou que o Nelson Mandela morreu! Porra, o negrão foi o cara que melhor agregou valor e crédito ao movimento ativista anti-Apartheid. Tá ligada? Ele lutou por isso, enfrentou 27 anos numa prisão de merda na África do Sul, sofreu cirurgias, saiu da prisão, foi eleito presidente, ajudou o país a se unir criando uma aura em torno da seleção de rúgbi em 95 e hoje é tipo uma divindade pra África. Tipo, claro que ainda há racismo, mas não é mais aquele lance legalizado de escolas pra negros, escadas, ônibus, cargos públicos. Tô chateado, na boa...<br />- Qual guria...?</span></div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-13005632595312959032013-11-29T00:14:00.003-02:002013-11-29T00:15:57.801-02:00Mini-conto VIII<h3>
<span style="color: #cc0000;">O Capital mata</span></h3>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Dizia Miguel que a turma dele não vivia naquela base de se preocupar com grana e tal. Havia cooperação dentro da pequena república em que eles viviam, no coração da cidade. A comida era compartilhada, as produções artísticas eram divulgadas da mesma forma, o trabalho não respeitava os padrões tradicionais do Capitalismo Imperial que os americanos tentavam empurrar pra gente... </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Me pareceu interessante.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dia, exatamente 1 mês depois de ele ter chegado à casa, foi a vez de ele pagar o aluguel. E a luz. E a água. O gás também. A conta do IPTU? Essa também.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Era demais pra filosofia do rapaz: juntou seus quadros, roupas de tecido reciclado, a cerveja do dia anterior, o iPhone e se mandou de volta pra casa dos pais, no subúrbio. Um grito de revolta.</div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-88376977053074166032013-11-27T20:34:00.001-02:002013-11-27T20:34:05.022-02:00Mini-conto VII<h3>
<span style="color: #bf9000;"> <span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Olha</span></span></h3>
<span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">- Isso é pavê, não pacumê!<br /><br />Até hoje, Mário acha que todos cometem um puta pecado quando devoram a tal sobremesa. </span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-948500305486683662013-11-26T22:19:00.001-02:002013-11-26T23:08:32.913-02:00Mini-conto VI<h3>
<span style="color: #4c1130;">Curetagem</span></h3>
Jocele deciciu tornar-se vegetariana, depois de ver um vídeo onde porcos são chutados e agredidos até a morte. Vegana, melhor dizendo. Pesquisou alimentos que não levavam partes de animais e iniciou rígida patrulha entre amigos até que uma parte razoável desses se tornasse adepta de sua filosofia.<br />
<br />
Um dia, a guria passou mal. Foi-lhe recomendada uma carga de polivitamínicos, para compensar a falta de ingestão natural de determinadas vitaminas e nutrientes. Passou um ano tomando. Ficou ótima.<br />
<br />
Mas dia desses parou no hospital, em estado de choque, depois que descobriu que deveria ter pesquisado melhor sobre remédios testados em bichos.Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-32890424650196418152013-11-26T16:07:00.002-02:002013-11-26T16:38:34.214-02:00Mini-conto V<h3>
<span style="color: #38761d;"> Toda manhã</span></h3>
Postava todo dia dicas de como sorrir e ser feliz num mundo áspero. <br />
<br />
Um dia, casou, teve filhos e uma série de contas a pagar. Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-69921124582372275982013-11-26T15:06:00.004-02:002013-11-26T15:07:43.089-02:00Mini-conto IV<h3>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;"><span style="color: #783f04;">Cisplatina</span></span></h3>
<span style="font-family: Verdana,sans-serif;">Queria invadir o Uruguai para se apoderar das fábricas de doce de leite. Ficou preso na aduana, porque levava cortes de carne gaúcha para o país vizinho.<br /><br />E voltou a Porto Alegre sem saber que a carne uruguaia é melhor que a brasileira. Morreu esses dias, engasgado com uma colherada de Lapataia.</span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-77999109322314684822013-11-25T18:36:00.000-02:002013-11-29T00:16:43.357-02:00Mini-conto III<h3 style="text-align: justify;">
La cuadra negra</h3>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ela se encantou com a ideologia e movimento do Black Block. Um dia, participou de uma manifestação. Destruíram a fachada e os caixas eletrônicos do Itaú, porque o banco representa o que há de mais maléfico em termos de Capitalismo opressor de povos emergentes. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Meses depois, descobriu que estava grávida. O pai era do mesmo movimento. As famílias obrigaram os dois a casar, caso contrário não haveria facilidades pra eles. Precisavam de um lugar pra morar, coisas pro nenê vindouro... </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O sogro da menina lhes concedeu um empréstimo. Ele era gerente adivinhe de qual banco?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Viveram felizes, mas cheios de culpa, para sempre.</div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-41451260716480177192013-11-25T17:15:00.004-02:002013-11-25T20:57:42.606-02:00Mini-conto II<h3>
<span style="color: #0b5394;">Azul tipo o mar</span></h3>
<br />
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;">Gremista modelo de ferocidade. Renunciou à Medicina no Brasil por não suportar ver a cor do sangue. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;">Foi pra Inglaterra tentar tratar da Realeza. </span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-75299457784179470112013-11-25T17:09:00.004-02:002013-11-29T00:23:57.356-02:00Mini-conto I<h3>
<span style="color: #990000;">Rojo hasta la muerte</span></h3>
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">Tão colorado, ele...<br /><br />Um dia, num ato bobo e instintivo, olhou pro céu durante o dia. Estava nublado e cinza, por sorte. O ataque cardíaco não foi fulminante.</span></div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-55379239340143139002013-10-16T19:20:00.005-02:002013-10-16T19:20:54.314-02:00Oitenta<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Com algum esforço, consegui tirar a quase dezena de caixas
de papelão que sobrepunham a caixa que eu queria: a das fotos. É, poderiam,
esses retratos, estar em um lugar melhor que algo que seja de papel. Mas mesmo
assim é ali que estavam, debaixo de alguns quilos de documentos e outros
badulaques, os registros da vida da minha família.</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Comecei a abrir álbum por álbum, a maioria datado da década
de 80. Sabe, tem aquela coloração já quase violeta, detalhes granulados e
cheiro forte. Fotos pequenas, dos antigos rolinhos Kodak, com o mês e ano da
revelação impressos no cantinho.</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Era véspera de aniversário; eu estava fazendo 24 anos.
Aquilo batia forte... puxa, daqui a um ano, terei um quarto de século de vida.
E mais 5, terei trintão! Para quem tem mais que isso é normal rir da cara de
quem é mais novo, arrotando experiência. Eu mesmo faço isso quando converso com
criaturas mais novas, como se isso desse um valor inestimável a cada frase e
entonação proferidas por gente mais vivida.</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Quando vi os brinquedos com os quais posei nas minhas fotos,
chorei. Tá, não foi um choro fiasquento e piegas. Com o quarto tendo seu ar
impregnado com o odor de coisa guardada e música dos oitentistas indo direto
nos meus ouvidos, fiz com que a lágrima que insistia em sair do olho direito
não tivesse obstáculos. Era uma lágrima sincera, chorada por um sujeito que tem
em sua infância um porto seguro a cada vez que se sente acuado num mundo louco
como o de hoje.</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">O tempo passa rápido demais. Sinto a cada dia que a frase
“nossa, como passou rápido esse ano...” dita com espanto ao final de 365 dias
não é nada imprevisto. O tempo passa, mesmo, rápido demais! Não é exclusividade
desse ou daquele ano. E o bolo de aniversário vai ficando pequeno para tanta
vela.</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">Passei por péssimos meses pensando que estava ficando velho
e inútil. Ou eu passaria toda minha vida pensando isso e me amargurando ou dava
um jeito de engolir em seco e pensar no saudável “ah, dane-se!” que temos de
usar diariamente. Quando eu já estava quase conseguindo me convencer que 25
anos seria só um rito de passagem, resolvi questionar uma pessoa com mais
cancha que eu:</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Pai, tu acha que o tempo passa muito ligeiro?</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Hmmm... SIM!</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Putz... hã, então, tipo... desde que eu nasci, tu acho que
foi muito rápido?</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Hmmm... SIM!</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Ah, meu Deus...</span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
</span><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">É isso aí! Se é pra ficar velho, que seja para ganhar essa
manha de ser rasteiro nas respostas e lúcido para sanar as dúvidas e
“tranqüilizar” os mais novos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-54181810068176514112013-09-19T20:28:00.000-03:002013-09-19T20:41:23.946-03:00Latitude<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cheguei em São Paulo e perguntei qualquer coisa:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Oi, você é de Curitiba?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Não, na real sou de Pooorto. - respondi eu, com um sotaque do Bom Fim que nem eu sabia que tinha.</span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Parece que se eu falar pra alguém do Centro do país, via telefone, que sou de Porto Alegre, a coisa sairia assim:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">- Sim, sim, de Porto. Não Florianópolis, Porto Alegre. Isso, perto de Gramado... como "onde"? No Rio Grande do Sul, tchê! Nããão, Curitiba é Paraná. Floripa é Santa Catarina. É abaixo de Santa. Acima do Uruguai. Olha... Montevidéu é a capital do Uruguai, é acima disso. Abaixo de Gramado. Não, não é terra de chocolates, nem Serra. Porra, nós estamos na beira do Guaíba! Um rio... bom, não é um rio, é um estuário... a terra do Inter e do Grêmio! O Inter, de Gramado? O Grêmio, de Montevidéu? Pirou, né? Doce de leite? Cara, lá a gente come Mu-mu, desculpe!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E assim segue a gana de o pessoal querer se separar do Brasil.</span></div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-61376731874024419482013-09-18T21:48:00.001-03:002013-09-19T19:55:30.693-03:00Vai ser gauche na vida...Foi Drummond que escreveu a frase do título, né? Chato pra caralho! <br /><br />Pois nasci em Porto Alegre, tchê! Fui criado no complexo de bairros populares (gurizada de classe média baixa, média e alta; eu era/sou da casta média) Rubem Berta, limite com Alvorada. Até os 7 anos vivi no Leopoldina, e depois até os 14 no sub-bairro à frente, o Santa Fé. Se esse distrito gigante se separasse, dava uma cidade razoavelmente populosa e pobre.<br />
<br />
Separatismo que está ligado ao DNA do gaúcho. Diferentes razões nos levaram a tentar uma separação do resto do Brasil. Impostos nos tempos do Império, interesses de estanceiros maçons que tinham terra no Uruguai, num tempo em que Rio Grande do Sul e o país vizinho eram quase a mesma bosta, diferenças culturais, bairrismo, preconceito e nariz empinado.<br />
<br />
A publicidade se vale bastante do gauchismo. Fôlderes e campanhas na TV e na Internet enaltecem o orgulho pelas coxilhas e pelo meu pampa, pelos costumes/cultura e pelo sotaque adotado abaixo do Mampituba. E vendem bastante fingindo que são mais sulistas do que sua razão social pode sugerir.<br />
<br />
É um terreno quase sagrado. É, na real: experimenta dar uma de fiasquento e falar mal do RS num Acampamento Farroupilha! Tu vira carne de churrasco.<br />
<br />
O Gaúcho é um sujeito que se veste de uruguaio e francês, fala Português (mas que nem argentino), toma bebida italiana e vai a festas alemãs. Isso tudo num momento só. Com tanta mistura, parece limitado que usemos como música tradicional esse som de CTGs, que é um estilo que já sobrevive por si só, sem necessariamente fazer apologia a tradições. Nenhuma das músicas é cantadas em Espanhol, todas sem referências açorianas ou charruas ou colocadas de maneira tímida como china virgem. Frescura minha, eu sei.<br />
<br />
É que essa alma castelhana é algo implantado pela Literatura. O gaúcho clássico deve a guaiaca a Simões de Lopes Neto, criador do eterno Blau Nunes, personagem que absorveu TODOS os valores atribuídos ao guasca médio. A folia projetada em volta de peões mestiços é grande demais. Passou dos limites do lógico. Mesmo sendo uma nação criada por índios desgarrados, negros, castelhanos perdidos, paulistas, italianos e alemães, com ou sem as virtudes propagadas pelas planícies do Sul, achamos ainda que somos só uruguaios. Isso mostra o quanto nosso orgulho é vazio na essência, apesar de ser divertido o facto de vermos a América de cabeça pra baixo.<br />
<br />
Infelizmente, meu estado não está entre os mais desenvolvidos economicamente. Somos dependentes da força motriz do centro do país. E é por isso que se engana feio quem acha que sobreviveríamos autossuficientes numa utópica República do Pampa. O que julgamos roupa típica (a pilcha, composta por botas, bombacha, camisa, poncho no inverno, lenço e chapéu), é fantasia. Pro camponês uruguaio, é roupa de trabalho.<br />
<br />
Dizem que o RS é o estado que mais lê. Olha, sou professor no interior e posso dizer que se essa estatística tem fundamento, temo pela quantidade de iletrados em outros estados. Cantamos em altos brados um hino que fala de uma luta de burgueses vs. Império e que acabou em empate: ninguém venceu, ninguém perdeu; a Revolução Farroupilha parou depois de um acordo.<br />
<br />
Então, quando eu lembro do subúrbio da capital, que carrega um sotaque intermediário entre o interiorano e o bonfinesco, saco que cantamos de um jeito e nos imitamos de outro. Falamos tchê e bah!, mas as nuances de vocabulário e entonação nos diferenciam entre nós mesmos, por mais que o estereótipo tente uniformizar.<br />
<br />
Se eu gosto do Rio Grande do Sul? Sim, sim, mas hoje mais pelo fato de lembrar seus irmãos culturais, o Uruguai e a Argentina. Como se fôssemos um pedacinho platino em pleno ziriguidum olelê tupiniquim.Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-36467581141322483192013-09-17T23:43:00.003-03:002013-09-17T23:57:13.382-03:00Livre<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;">Os avisos de "prejudicial à saúde" em bebidas e cigarros é o expoente máximo do que consideramos o livre arbítrio.<br /><br />"A parada é ruim e faz mal... não estamos obrigando a usar. Tu quer? Bom... avisamos, hein?" E o cidadão vai lá e se afunda nas porcarias. Que estão ali, né? Compra se tu quer.<br /><br />Por mais que o politicamente correto (já poderíamos escrever isso com letras maiúsculas, visto que é uma instituição) tente argumentar que o ser humano é um bom selvagem corrompido pelo Sistema, o cara ainda tem a chance de dizer 'não' pra alguma coisa.</span><br />
<span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><br /><i>Escrito sob efeito de uma Estrella Galicia geladíssima.</i></span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-71313510469728982202013-07-26T22:12:00.000-03:002013-07-26T22:12:15.953-03:00Definitivamente talvez<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Primeira resenha sobre o Oasis (disco de lançamento), na Bizz de dezembro de 94.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Não precisa me agradecer.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">"Você ainda acredita que uma banda que vem de Manchester (terra dos maiores pentelhos franjudos entediados do planeta) poderia ser a salvação do Rock n' Roll? Ainda mais quando o semanário britânico <i>New Musical Express</i> coloca o disco dos caras nas nuvens? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Pela capa (com 'ponta' de Burt Bacharach) e pelas péssimas referências acima, você não desembolsaria nem 25 centavos por este CD, não é? Pois então agradeça a este serviçal por mais um favor prestado a seu bolso. Pode comprar tranquilo este <i>Definitely Maybe</i>, sem medo de ser ludibriado. Ele é honesto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Oasis é um grupo que adora o palco, posa com os seus instrumentos e caga para o que a mídia pensa sobre eles. Isso não lhe cheira a Suede? Só que os caras merecem durar bem mais do que aqueles 'perobas' <i>glitter</i>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Aqui há <i>grooves </i>de guitarras semi-acústicas sustentando as exímias composições de Noel Gallagher e aquela marca de quem leva a coisa realmente 'à sério'. Todas têm aquele caráter 'chapadão' típico do rock inglês.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com certeza, não vão revolucionar porra nenhuma, como se anuncia por aí. É só mais uma banda que merece figurar na sua CDteca entre o Mudhoney e o Urge Overkill. O que já garante para eles uma cobertura com piscina no céu dos <i>rockers</i>."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Alexandre Rossi.</span></div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-30130277791844090442013-07-22T12:33:00.001-03:002013-07-22T12:33:09.136-03:00Popularidade fake<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- ... e esqueci de dizer: muito bonita aquela foto que tu postou!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Qual?</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- A penúltima, com uma praia ao fundo. Que lugar era aquele?</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Ah, era em Cidreira, dia desses. Ficou realmente bonita... mas só deu 59 likes até agora.</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- E desde quando isso conta alguma coisa?</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- A mesma foto, igualzinha, no perfil da Mari deu 134!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Psss... tá, e daí?</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- E daí que parece que ela tá mais bonita, sei lá!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Ai, ai... olha, Jana, eu entendo tua baita preocupação e até entendo tua lógica. Mas quer ver que, apesar de ter fundamento, tua lógica é perniciosa?<br />- Perni-o-quê?<br />- Saca: dos 59 likes que tu recebeu, digamos 40 sejam de guris. Certo?<br />- Certo.</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Os que não são veados (cerca de 35) querem, provavelmente, te comer. Certo?</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Hahaha, é... pior que é.</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Então, tu daria pra esses 35?</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Lógico que não!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Provavelmente o plêiba pra quem tu quer dar nem curtiu ali... mas, enfim, desses 35, talvez só uns 2 ou 3 tenham a chance de sair com uma mulher linda que nem tu.</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Ai, brigada!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- E vê o caso da Mari. Se multiplicarmos proporcionalmente o número de gente que curtiu a foto dela, vamos ter uns 70 potenciais comedores da guria. Te pergunto (tu, que conhece ela): a Mari daria pra esses 70 caras?<br />- HAhaha, nem pensar! Fresca do jeito que é, se der pra 1 já vai ser lucro!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Então, porra?! Que diferença prática tem se tu tiver 50 ou 100 likes na tua foto, se tu termina nem querendo satisfazer o machaiêdo que vai lá curtir? Só quer deixá-los na vontade?<br />- HahAHAha! Pois é...</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Prova cabal de que esse comportamento, o de provocar, o de deixar a galera babando e de ficar beiçuda por não ter tal número de 'legaizinhos', é absolutamente <a href="http://www.dicio.com.br/pernicioso/" target="_blank">pernicioso</a>. </span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Tá, não gostou da foto, é só dizer!</span><br />
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">- Não, eu gostei... mas, enfim, não vou te comer mesmo.</span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-50420682949376862542013-03-25T23:43:00.002-03:002013-03-25T23:43:21.698-03:00Super Ego<span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- Quê?! Ah, com certeza prefiro uma guria vestida de prenda a uma vestida pra baile funk.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- Sério?</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">- Sério. Pó perguntá de novo pra mim.</span><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><br style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;" /><span style="background-color: white; color: #333333; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px;">Eu e meus diálogos com meu Outro Eu.</span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-42082075512946037732013-03-05T01:29:00.000-02:002013-03-05T17:55:20.098-02:00Flores embaixo do meu travesseiro<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Dar flores. Um dos mais ardilosos argumentos materiais já inventados pelo homem. Provavelmente proposto por uma donzela-em-perigo:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Lêidi, tu sabes que te amo!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Oh, Lórdi, então me prova isso!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Como poderei provar esse amor maior que o mundo que nutro por tua pessoa, Milêidi?</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Com um doce e bucólico buquê de rosas silvestres, nobre cavaleiro!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Pfff... taqueopariu...</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas eis que apesar do preço empobrecedor de trabalhadores-braçais que um amontoado de plantas tem, o troço volta e meia funciona. Sabe, sempre achei que essa parada fosse mó clichê (bom, não deixa de ser) e tentei comoventemente usar a quebra de padrões como marca própria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mas testei antes. Não é assim "Pá, tive uma ideia do caralho!", não. Testa-se a teoria em amplo período de tempo e em várias cobaias até chegar próximo da perfeição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Comecei com a Fernanda, namoradinha que estudava francês. Ia visitá-la de moto na cidade ao lado e achava que em pouco tempo teríamos um relacionamento próspero e duradouro. Inovei: em vez de flores de floricultura, sementes de amor-perfeito. Ela plantando soaria como o cultivo do amor entre os dois. Não te parece genial? Pois é, pra mim parecia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">E Nandinha achou o máximo. Plantou mesmo, diz ela. O namoro durou duas semanas. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Depois, testei com uma mocinha de longe, outro estado. Júlia era uma mulher interessante e que compreendia bem esses desvios de padrões. Num de nossos esporádicos encontros, lá fui eu com o mesmo pacotinho de amores-perfeitos. As sementes não vingaram, mas o namoro foi um pouco mais longe: 1 ano e 8 meses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Acha que me dei por vencido? A parte alemã dos meus genes não deixa eu desistir fácil. A próxima era Laiana, e tentei essa parada de novo. Pacotinho de sementes da mesma flor. Vamos combinar que amor-perfeito é bonitinho, né? Plantei junto com a guria, pra ter certeza. Tenho mão boa para fazer as plantinhas nascerem, tem que ver. Germinaram. O cachorro comeu tudo. Namoro que durou 5 meses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Já abatido com isso, parti pra outro teste. Mencionei o assunto 'flores' com Isa:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Bah, não gosto de flores...</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Cobaia perdida. Nem o fato de eu ter feito um jasmim nascer de uma flor adiantou. Namoro durou 2 anos, com mais um ano de idas e vindas. Nem insisti com as sementes.<br /><br />Entende? Eu precisava de algo que compensasse o complexo de feiura que carrego desde o 2° grau. Um dia vi uma lista como nomes de guris na mesa de duas meninas interessantes. Inocente, acreditei que fosse "Os Caras Mais Legais da Sala".<br /><br />Não era. Fiquei em vice no campeonato interno dos mais feios. Perdi o título pro colega que sentava ao meu lado. Foda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com a próxima namoradinha, alterei levemente a estratégia. No lugar de um envelopinho com girinos de flores, um vasinho com uma já crescida e devidamente cultivada. Uma violeta, para desequilibrar a equação. Muito bem recebido o presente, pouco deve ter durado na mesa de trabalho dela. Assim como a relação: três meses.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Mesmo sendo brasileiro (ou germânico, como antes admitido), quase larguei de mão a pesquisa de campo. Não é fácil ter uma ideia fofa de cultivo de um romance e ser solenemente ignorado nas boas intenções. Então, seria mesmo o tal buquê de rosas a grande arma para atingir em cheio os corações femininos? Não, não podia ser.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Com Júlia busquei outra alternativa: uma florzinha simples, dessas que dão em árvore e tu estoura com os dedos. É mó charme a parada! E é meio sulamericano: os ianques não conhecem, vejam só. Então, dei uma desses botões pré-fechados para a moça, uma linda moça, e ela adorou!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Relacionamento? Dias, não mais que isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Quando vê, o esquema é usar os já defasados carros de mensagem na porta do trabalho da pretendida:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><i>- Atenção, Fulana! Essa... é uma mensagem de amor!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">(entra o som do clarinete de Kenny G ou o tema de Titanic e sai eu do Celta com rosas brancas polvilhadas de purpurina e cola cintilante e um texto padrão ao fundo)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Há alguma estratégia para as oportunidades vindouras? Nem eu sei. Basicamente esperarei que os discos de vinil aqui me deem alguma luz sobre como proceder nessa dura batalha pela arma perfeita na arte da conquista. Até lá, sem bombons, flores e cachorros-quentes.</span></div>
<br />
<br />
<br />Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-82819221390345545562012-10-13T22:05:00.000-02:002012-10-25T00:38:08.908-02:00Textos provocantes<div style="text-align: justify;">
Sempre julguei que eu precisaria sempre de Bukowski ou Salinger para me sentir provocado a escrever. Chego a conclusão que, sim, preciso constantemente ler esses dois filhos da puta para botar algo que preste pra fora.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas nessas de gastar horas digitando sobre a porcaria da minha vida, vi também que apesar de sempre querer que os outros leiam o que escrevo (insisto: acompanhar meu blog mostra irrecuperável habilidade na arte de ser um vagabundo), não tenho a mais rasa paciência para ler o que os outros escrevem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Deve ser ciúmes. Tipo, vem alguém e me indica "porra, Marat, lê a droga do meu blog". Mando tomar no cu e vou ler, claro. É claro que há textos que deveriam ficar isolados ao limbo. Mas ultimamente ando me deparando com bons autores, que conseguem expressar suas ideias de maneira a parecer uma facada no bucho. Linhas que me fazem suspirar e ficar apaixonado pelas autoras (não pelos autores, evidentemente). Sinto-me saudavelmente provocado, do tipo "<i>caralho, eu queria ter escrito exatamente assim!</i>".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tá pensando que vou fazer propaganda de blog aqui? Esquece.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Certa vez fui na casa da Mimi, uma amiga minha, dessas gatas pra caralho e que te fazem dormir pensando em se afundar nas carnes de alguém. Fui lá um dia e inventei de dizer que eu escrevia poemas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>- Ai, Marat, que legal! Eu também escrevo!</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Medo. Ela me mostrou algo parecido com um caderno cheio de páginas escritas. Não eram poemas, óbvio. No máximo, arremedos de prosa poética, se é que tu conhece as terminologias da literatura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>- Gostou, Marat? Sabe, sou bem emotiva...</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>- Não, sim, gostei, claro. Bem... forte, né?</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Nossa, fortíssimo. Naquele momento, vi concretizada mais uma de minhas teorias de boteco.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A mulher escreve porque precisa. Mulheres em geral querem desabafar, sem necessariamente passar por sessões de consolo. Um caderno parece ser um bom ouvido em momentos de paixonite ou mágoa. A guria sai toda perfumada e embonecada, aparece no bar e vê seu amor ficando com outra, certamente uma vagabunda. Crise de choro, "<i>Que raiva!</i>", amigas alisando cabelos e outros caras querendo alegrá-la. Ela chega em casa e gasta uma Faber-Castell inteira contando pro pobre do caderno o quanto aquele cara mexia com ela e que agora tudo vai ser diferente. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Passada a tristeza, ela ainda mostra pro cara (que já pediu desculpas por ser cretino e retomou o caminho) o quanto ele a fez sofrer. Lindo. Mas isso mostra o viés da escrita feminina. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Uma mocinha escreve sempre vendo as coisas de seu próprio ponto de vista. Suas impressões em relação ao mundo não ultrapassam o limite do surreal, são algo fácil de sentir e de criar rápida empatia pelo relato. E não necessariamente a autora tá interessada em adaptar isso a uma visão de alguém que porventura vá ler. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Meninos escrevem com receio de serem mal interpretados. Portanto, acabam 'comercializando' sua escrita. Eles não se entregam totalmente, criam fatos para disfarçar algo e veem tudo de um ponto de vista de fora de seu mundo. Isso os deixa protegidos de qualquer avaliação de personalidade, pois com um personagem descolado da <i>persona</i> fica fácil perder o pudor. Fazem tudo sempre pensando que alguém pode realmente ler aquilo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-jE0K_cOm3pw/UHoKwi9z1fI/AAAAAAAAAM0/f7vlVKFqmk8/s1600/recorte+de+flores.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="http://1.bp.blogspot.com/-jE0K_cOm3pw/UHoKwi9z1fI/AAAAAAAAAM0/f7vlVKFqmk8/s320/recorte+de+flores.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
Claro que tô generalizando (só chatinhos ficam bravos com isso). E em geral também, o cara que for emotivo e confessional como a mulher angaria para si um público maior. A moça que rabiscar despudoradamente como um homem surpreende positivamente. Em ambos os casos, cabe um cuidado com a língua-pátria, que é o molho das ideias. Parece receita de um blog perfeito, eu sei. Mas se eu mesmo tivesse um, não estaria remando contra a maré de contas que me chega todo mês. Eu ia é ganhar dinheiro com minhas confissões... todas sem pudor nenhum.</div>
Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-43343162371142507452012-08-15T23:17:00.002-03:002012-08-15T23:17:49.054-03:00Dicionário<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">Acho que finalmente, em anos,</span><br />
<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">encontrei uma palavra nova</span><br />
<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">para usar no lugar de "eu".<br /><br />Pesquisei em livros</span><br />
<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">olhei em revistas</span><br />
<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">revirei o baú da sala</span><br />
<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">perguntei a minha ex</span><br />
<span style="background-color: #cccccc; color: #666666; font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">dormi, sonhei, acordei.<br /><br />Pronto para anotar, esqueço!<br />Assim como esqueço de mim mesmo...</span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-37070190489727014242012-06-19T13:14:00.001-03:002012-06-19T13:14:31.790-03:00Invento sonoro<span style="color: #990000;">Queria inventar um antídoto contra timidez.<br />Não sei atacar, só espero minha vez.</span><br />
<span style="color: #990000;">Queria recriar meu velho modo de vida</span><br />
<span style="color: #990000;">não sou um dos caras mais visados.</span><br />
<span style="color: #990000;"><br /></span><br />
<span style="color: #990000;">Queria saber mais das coisas do coração</span><br />
<span style="color: #990000;">pra virar o disco e ensinar a mim mesmo.<br />Queria aprender a mais santa oração</span><br />
<span style="color: #990000;">e achar sentido em vagar por aí a esmo.<br /><br />É prudente ter meus remédios lacrados:</span><br />
<span style="color: #990000;">vai que um dia eu escolha uma segunda opção...</span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-1691027271207654292012-06-11T16:26:00.001-03:002012-06-11T16:26:25.115-03:00Podre de ricoPasso por um mendigo embaixo da ponte<br />
mendigo triste e com dor em sua fronte.<br />
Deus lhe deu a chance errada e a incerteza...<br />
<br />
Nessa hora me envergonho do que sou<br />
e vou rezar como um padre na abadia.<br />
<br />
Mas o mendigo tem a maior riqueza<br />
que sua gente jamais pensou:<br />
a carteira que ele me roubou outro dia.Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5060810641067664152.post-71925177869401045102012-06-10T19:08:00.003-03:002012-06-10T19:08:35.760-03:00Faixa escondida<span style="background-color: #e69138;"><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">"Faça alguém feliz:</span></span><br />
<span style="background-color: #e69138;"><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">doe um pouco de si mesmo!"</span></span><br />
<span style="background-color: #e69138;"><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">dizia o incauto cartaz.</span></span><br />
<span style="background-color: #e69138;"><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas que alma condiz</span></span><br />
<span style="background-color: #e69138;"><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">comigo, que ando a esmo...</span></span><br />
<span style="background-color: #e69138;"><span style="font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">comigo, que ando pra trás?</span></span>Marat - Desvio Padrãohttp://www.blogger.com/profile/02368007587188853377noreply@blogger.com0