sábado, 5 de dezembro de 2009

VALENTINOS

Sim, há luz no fim do túnel. Não diria UMA, mas várias. Bandas que se mantêm na ativa buscando mesclar vontade, peregrinação por onde o Diabo passou amassando pães, falta de grana e influências musicais concisas e legais. Puta exemplo vem da Capital de todos os gaúchos.
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Valentinos. Conheci os figuras num bate-papo na Unisinos FM, durante divulgação de um show compartilhado na Embaixada do Rock, em São Léo. Logo de cara, percebi que os caras foram a carácter, vestidos como se estivessem num show. E eu, cabeceando chuva com meus sapatos de electricista e casaco do SC Taquarense... enfim. A partir daquele encontro, eu e os garotos da Desvio Padrão resolvemos pesquisar mais sobre nossos colegas de palco.
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O resultado foi agradável, para dizer o mínimo. O facto é que os Valentinos são fodões. Juntam uma rica influência de Rock britânico (com radares apontados para o que os irmãos Gallagher fizeram de 2000 para cá), gauchices à TNT e uma pegada que refresca mentes, mas não as desvia de algum propósito maior que as músicas venham a ter. E afirmo isso por me parecer que seus sons têm os pés no chão, sem a enjoada necessidade de fazer Rock só para agitar a galera ad infinitum.

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Jonts comenta sobre tomar gim e tônica antes de dormir, escancarando (inclusive com a voz) sua adoração mais que justificável a Liam, do Oasis, em "Mais que nunca". Sem dúvida, sua melhor música, usando os velhos argumentos: ritmo, melodia e letra. Para completar, eles aderem a uma tendência, a da volta aos riffs e solos pegajosos e cantaroláveis por qualquer mortal/civil que não saque porra nenhuma de Rock. Se engana quem achar, por isso, que são alguma banda de uma música só. Não, e essa é uma notícia que agradaria o mais sisudo roqueiro da Cidade Baixa. Na verdade, por ser sua música mais recente, mostra que a banda conseguiu refinar um som que já era convincente e apreciável. "Tardes frias" pode ser aí uma aula de como reinterpretar o legado deixado pelos grupos top de linha do Rio Grande. Sua melodia é daquelas que te deixam a impressão de que não pode ser uma banda que come no Speed que fez.
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Sua música de nome esquisito, "O.S.P.A. perto daqui", é a que mais se parece com o que cachorros e cascavéis criaram ao longo de décadas. E tem uma estrofe tão óbvia e simples... eles são corajosos, acredite. E os carudos gravaram o clipe em plena Esquina Democrática. Bom, lá tem de tudo. Uns cabeludos a mais ou a menos não fariam diferença. A música que eles filmaram, aí, sim.
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"Visconde II" é um outro som do caralho (essa definição careceria de mais embasamento, mas não hoje) que fecha a oferta que os garotos fazem em seu MySpace. Eles dizem em seu release que lançaram um EP... mas a verdade é que hoje (e nós aprendemos às duras penas) essa parada de lançar disco é uma coisa que não deve ser levada tãããão em consideração. E os Valentes botaram as coisas na Net mesmo e vai lá quem quer e baixa o que quiser... eu, para dar aquela forcinha, nem baixo: ouço direto do site, para aumentar os plays.
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Lembro de Rodrigo Pacote, baixista (ou ex, nunca sei) da The Nobs, Reverso Revolver e Apanhador Só; em 2004, após eu, num deslumbre bobo, ter comentado que "nossa, como tem banda boa por essas plagas", Pacotito me larga: "É, Marat... tem muita banda boa aqui em Porto... mas também tem muita banda ruim!". Pode ser, Rodrigo, e concordo em grande parte, mas os Valentinhos me convidam seriamente a ficar emulando um air acoustic guitar no quarto quando ouço seu último single.
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Em tempo: o show deles com a gente foi massa. Tinha pouca gente, mas o pessoal curtiu as duas bandas.
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Em tempo 2: eu achei eles uns tremendos filhos da puta por terem uma foto tri parecida com a capa do CD da Desvio, ahahahah! Depois, saquei que entendemos as influências da mesma maneira.

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