quarta-feira, 27 de julho de 2011

Suco de bergamota

- Por que tu me 'cutucou' no Facebook?
- Ora... tua foto apareceu, tinha o botão de 'cutucar' dando sopa ali e meti bala!
- Ah, é? Então, se tiver um revólver em cima da mesa, tu pega ele e dá um tiro na cabeça?
- Peraí: sou tarado, não burro.

Bolo de verdadinha

- Olha, não é porque tu é de banda de Rock que as gurias se jogam pra ti...
- Eu sei. Deve ser por conta dos meus lindos olhos azuis.
- Mas tu não tem olhos azuis, Marat...
- Viu só?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Torrada

Tô lendo tardiamente o tal de "Misto-quente". Já tinha pego o livro em mãos e lido as primeiras páginas na faculdade, livremente tomado de minha colega, a Adriana. Como tinha que estudar e ela queria terminar de ler, adiei em 9 anos minha degustação do velho sujo.


O livro é bom e tem uma linguagem ácida que não toca terror para os iniciados em Salinger ou Kerouac. Mas, por isso mesmo, por parecer com esses caras, Bukowski é bom pra caralho. Só que destrinchar um livro assim, sem ter lido nem mesmo "O capitão saiu pra almoçar..." (seu 'diário de bordo' antes de bater as botas), me parece usar o diploma que tenho como arma contra minha cabeça.


Eu quero falar é da porra do título. Misto-quente. Tu já comeu misto-quente? Ah, sim, isso é de comer. Jesus Cristo, ninguém num raio de 500km de onde moro deve ter pedido um misto-quente num boteco.



- Ô, Vanderlei, belezêra?

- Firme, Marat. Cervejinha?

- Não, cara... tô com fome. Pedir um misto-quente...
- Quê???

Aqui essa parada se chama (e não "chama") TORRADA! Deveria haver uma gauchalização de certos termos. Simplesmente a porra do livro daquele velho cretino tem um nome que não faz nenhum sentido pro pessoal que, segundo o Gessinger, vê o Brasil de cabeça pra baixo. Nós, no caso.

É como o caso infeliz da sandália. O que chamam de "sandália" nas propagandas recentes é classicamente considerado um "chinelo". Não me venham com essa porra de empresa de marketing que acha a palavra 'chinelo' algo chinelo. Dizer que Havaianas com prego na tira não serve só para passar massa corrida em parede e, sim, como acessório casual de burgueses metidos é pernicioso. Sandália é um tipo de calçado; chinelo é outro.

Embora não acredite que "bolo inglês" tenha virado "cupcake" (todo enfeitado por chantilly e confeitos) por ação de agências de publicidade, imagino também que acreditem, em algum lugar do país, que um "suspiro" branquinho só se chame ""merengue" em espanhol. Nein! Na minha terrinha nojenta, é merengue e deu pro zôvo! E as embalagens que descem do centro do Brasil transformam "negrinhos" e "branquinhos" em "brigadeiros" e "beijinhos". Ganas de mastigar essas drogas, engolir, vomitar, fazer uma omelete freak e mandar por sedex pro Sistema.

E também dá vontade é de pegar uns brigadeiros, beijinhos, suspiros, mistos-quentes e sandálias marqueteiras e zoar com a bunda, fodendo as esperanças de manter suas virgindades anais, de candidatos a publicitários regionalistas que não se prestam nem a sacar qualé a de outras zonas desse continente. Até lá, termino o "Torrada", de Bukowski, e releio outro livro com título sem sentido: "O apanhador no campo de centeio".

- Ei, cara... vamos jogar beisebol no campo de centeio aqui ao lado?
- Quê???
- Tá, Marat: no pasto...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma nova sensação.

Minha primeira vez foi com o filhodaputa do Fábio. É, pouca gente sabe disso. Na real, já tinha tentado com outros caras, mas o Fábio é que tinha a manha das coisas. Precisava ser com ele. E foi. Com o os outros, tinha sido numa estrada de chão, na calada da noite, ouvindo Lobão. Era uma fitinha K7 gravada à machado, mas dava um ar lúdico para a ação.


Estávamos com os amigos todos na praia de Tramandaí Sul, curtindo a porra do carnaval do meio da década. Ainda havia um fulgor putanheiro em Xangrilá, com uma penca de lugarezinhos infectos para você beber uma cerveja com gosto de repolho e trovar umas safadas. O papo lá era a mesma coisa sempre, você vem sempre por aqui, um cara como eu tem alguma chance, também gosto de festa, quem são suas amigas, vocês são irmãs? O churrasquinho era de gato de rua, os carros nada populares e nós, semi-pobres e sem acesso às casas noturnas da moda, enfrentávamos o fluxo de gente de maneira brava e guerreira.


Fomos para a praia em 5 dentro de um modelo 1.0. Eram umas 11h da noite e o correrio tava pela metade. Bêbados, gostosas, bombados, bichas e alguns travestis ainda se esgueiravam por ruas e dunas, vomitando e quebrando garrafas na areia da praia para foder com a vida do cidadão comum que curte esse lance de areia e Sol. Achamos interessante tentar fazer esse esquema super-secreto com todo mundo da turma. Seria um método de selarmos a amizade e o clima estava propício.


Fizemos tudo meio errado na praia, ninguém se entendeu, ficamos com receio de que alguém visse e fomos de volta pra casa. Já era alta a noite, a vizinhança de metidos a burgueses dormindo, as garotas com seus garotos sarados e tatuados e aspirantes a BBB, e nós ali, querendo correr nossos riscos por uma coisa que era proibida. A sociedade em volta da casa realmente não entenderia nossos propósitos. Tolice. Esses malditos só servem para trazer aqueles cachorros feitos sob encomenda para incomodar a partir das 5 da manhã. Mas certamente os papais corretinhos de agora já fizeram isso em algum momento de sua juventude transviada.


Dois foram dormir. Cansados do combate contra sei-lás e não-queros tomados nas fuças o dia todo, adormeceram sob pedidos de clemência para não fazemos barulho. Seria impossível, acho.


Chegou a hora. Sentamos, colocamos The Cure para rolar no carro do Fábio e ficamos na garagem mesmo. Sem rodeios nos preparamos... era diferente, agora ia ser de verdade. Ainda bem que estava com os camaradas. Se desse algo errado, eles me ajudariam, certamente fariam isso.




Não tinha seda. Só papel de jornal. Metemos a erva ali mesmo e fumamos. Viajei que tava numa floresta de geléia roxa com lantejoulas. Foi legal. Nunca mais senti o mesmo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Como entender o cérebro mulherístico

Vejo homens dizerem que não entendem as mulheres. É, o maridão aqui não vai explicar algo que nem Einstein conseguiu. Mesmo porque o véio da língua pop não tentou; preferiu desvendar as leis que regem massa, tempo e origens do universo, por ser bem mais barbada de chegar a uma conclusão aproveitável.


Imagine a cena: você e sua namorada, feminina que só ela, com todos os "ai-guri-idiota" que as relações permitem, à frente do botão que pode salvar o mundo da aniquilação repentina. Se você não apertar o botão, 6 bilhões de pessoas, todos seres vivos, tudo... irá desaparecer como que instantaneamente, sem chances de retornar no próximo bilhão de anos. Tá tu e tua namorada... tu tem que escalar sei lá que raio de esquema para chegar na porra do botão. Tua guria começa a discutir a relação. Quer te beijar exactamente na porcaria da hora em que, faltando 5 segundos, tu vai privar o planeta do desaparecimento. E você tenta argumentar: "Sai fora, guria! Tenho que apertar isso!!!"


Pronto. Você salva a Terra. Pela lógica, caro amigo, a menina deveria estar aliviada tanto quanto você, que se tornou o herói do mundo. Mas nããão... não, não. Você pode apostar suas economias, que seriam para dar um lance no consórcio de sua Titan, que a menina está chorando de tristeza/raiva/decepção por você ter gritado com ela. Não importa o mundo, não importa nada. O que importa no momento é vocês dois e o jeito que foi usado para falar com ela.


As novelas da Globo são escritas por mulheres que tem TPM. Isso é certo. Mas elas refletem, da maneira mais gastrítica possível, uma realidade com a qual você terá que lidar para chegar à tranquilidade final. Há uma moça desaparecida há horas, alguns preocupados e seu ex muito preocupado. Faz sentido: tem gente que sumiu e precisa ser encontrada. Pode estar morta. Pensa que isso comove o personagem-fêmea, prima da sumida, que também é ex do cara que tá se matando de procurar? Nãããão... não, não. O que importa ali é "você ainda é apaixonado pela fulana-que-sumiu, né?". Ai ai ai ai ai! Caraaalho! Tem uma criatura que evaporou e a menina tá se perguntando sobre a paixonite do cara? Mas meu deus??? Qual é, afinal de contas, a prioridade?


Certamente é a mesma pessoa que escreveu outro diálogo irritante (e não menos esclarecedor/realista) mal digerido por mim, ainda entorpecido de uma Quilmes litro. Um homem e uma mulher, com filhos e vidas próprias, famílias, empregos... querem fugir e seguir suas vidas. Tá, até aí vai. Deu na telha, querem foder, encheram o saco de seu cotidiano pachorrento. Mas o cara não pôde se encontrar com ela em uma dada situação por ter que voltar pra casa e ajudar sua filha, drogada. É um problema sério e que certamente creditaria folga nas cobranças em cima desse pai.


Mas nããããão, não, não A mulher me larga o clássico "sempre-com-suas-desculpas" e já fica de cara. Eeeeeiiii, peraí! Tem uma filha se afundando no inferno das drogas e a outra simplesmente pensa em "mover montanhas para ficarmos juntos"? Ah, mas que raio de genética perversa e egoísta é essa?


Pois é, camarada. Assim funciona na vida real. A diferença é que você não pode desligar a TV antes de fazê-la de inimigo do Black Belt. No cotidiano, o vagabundo tem que se virar com uma tentativa de usar a didática, lógica e mapas conceituais abstratos. Tudo isso não é bem processado por um cérebro feminino, desculpe. E eu sei bem disso. Mas a tentativa é válida e você poderá dormir com sua consciência descarregada.


No próximo texto vai rolar uma lista de dicas de como driblar esse impasse passional de uma cabeça de sua fêmea. Enquanto isso, use e abuse de seu tupi-guarani para atingir seus objetivos. Romantismo ainda atinge em cheio o coração delas. Pois mesmo com essas lógicas fora de lógica, é bom quando essas criaturas passam perfumadas por ti e tu aspira o ar como se fosse a última carreira da tua vida, bem faceiro e obedecendo aos hormônios. Como, aliás, fazem as meninas.