sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

1984 é agora!


Tava eu cagando esses dias e pensando. Sim, é matriculando o guri na natação que temos nossas melhores ideias e chegamos às melhores conclusões sobre vida e sociedade. Vi, como qualquer antenadinho chatito do Facebook, vídeos com os malnutridos norte-coreanos chorando pela morte de seu líder enviado dos céus - assim como é o Apóstolo Valdemiro Santiago -, em fila e esmurrando o chão.


Claro, você vai dizer "mas que bando de otário!". Eu também. A questão levantada agora por mim nem é essa. Lembram do livro 1984? Se você é fã de Big Brother ou já teve pensamentos mundanos em relação a bundas e músculos (opa! Daí, não...), sabe que raio de obra é essa: um dos romances mais perturbadores do século 20. É, sei, garota, ele não é fofo e tutute como o incrível roteiro da saga Crepúsculo, mas tem lá seu valor.

Foi desse livro que aquela produtora holandesa tirou o título Big Brother, o Grande Irmão. No livro de George Orwell, era uma entidade fake usada para embotar a cabeça da população, atochando nos belezas que havia um grande amigo, um grande irmão a zelar por nós. E ele usava câmeras nas casas de cada um para monitorar o ir e vir das pessoas. Um mecanismo minimamente tecnológico para que o Partido Comun... digo, o Partido soubesse quem estava andando fora do esquadro traçado por suas diretrizes que só visavam, claaaaro, o bem do pueblo.

Isso existe. De uma maneira diferente, adaptada, mas existe. Que o diga Londres, casualmente a cidade onde se passa a história do 84. Sabemos ser a cidade mais vigiada do mundo. Mas filtros de Internet em países socialistas e serviços virtuais secretos de grandes impérios são uma forma mais discreta de medir a vida do galerê.

Outra filhadaputagem-base do livro é a devoção forçada exigida pelos regimes ditatoriais. Isso sempre rolou... taí a Alemanha nazista, da segunda metade da década de 30, que não me deixa mentir. A Rússia stalinista, Cuba-a-ilha-não-se-rende com discursos castristas de 6h de duração, a Coreia do Norte com bandeirinhas e gente faceirinha por ser subjugada a Kim Jong-il Ping Pong também podem ser citadas como o fino do odioso método autoritário de ditadores.

E por último a Polícia do Pensamento. No libelo de Orwell, a entidade se dava por meio de agentes infiltrados (nada muito diferente do que rolou no período militar no Brasil), publicações, conversas, imagens das câmeras e até o dedodurismo cretino natural das crianças. Pensou torto, foi contra o Partido, cagou fora do penico? Cana. Morte. Mas antes uma execução moral na mídia oficial.

Isso já não rola atualmente? Digo: sim! No Facebook e Twitter e antes no Orkut. Experimente abusar uma vírgula da liberdade de expressão garantida pelo senso comum e Constituição nacional e tu vê o que te acontece! Há uma Polícia do Pensamento infiltrada habilmente no julgamento de cada membro dessas redes sociais, pagando de patrulha ideológica perniciosa, burra, mal intencionada e cabaçona.

- Mulheres de verdade não tomam bomba, comem carne...
- Quê? Como assim 'mulher de verdade come carne'? O que tu quer dizer com isso? E a violência com os animais? Será que tu é tão alienado assim?


Pronto. Você se queimou publicamente. Pensou fora do que o politicamente correto/moderno entende como verdade indiscutível, tomou discussão nas fuças! Nem precisa ser tão malvado comedor de presépio assim. É só ir de encontro a qualquer outra bundice e a Polícia do 1984 está ali. Só em casos extremos matam, mas até chegar a esse ponto a reputação do indivíduo torra.

Esse texto poderá ser violentado também, já que será publicado no Facebook. Mas quem leu 1984 sabe como escapar do Grande Irmão Bundamole.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Duelo

- E aí, cabeludo?! Chega pra conhecer meu trabalho. Saca só: fizêmo pulseiras de couro mesmo, brinquinho de semente pra namorada, colarzinho... dá uma olhadinha aí.
- Opa, beleza... bah, bonito trabalho, meu. Bacaninha essa formiga de arame aqui.
- A formiga é simbólica, meu chapa. Tu pode bloquear o caminho dela, tirar a comida dela e ela vai tá sempre continuando o trabalho, ajudando as companheiras... tá ligado?
- Bah, pode crer! E vem cá: não rola aí uma figurinha?
- Figurinha?
- É, cara... bichinho, Shiva... hehe, saca? Daquelas que o Barrett usava pra caralho!
- Ih, cabeludo... errou o pulo. Só vendo meu artesanato. Tá me achando com pinta de trafica?
(biiiihhhh...)
- Mmm, sei... e tu ganha a vida só vendendo pulseirinha? Ah, qualé? Tu tá mal das estruturas, hein?
(ohhhh...)
- Mal tá tu, né, bróder? Vai pedir figura pra hippie?!
(baaaaiiiihhhh...)
- Sim, e tu queria o quê? Que eu pedisse pra polícia?
(yyeeaaaaahhh!!!... clap, clap, clap!!!)

Próximo!