segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nostalgia virtual

- Bicho, tem uns troços da minha infância que simplesmente não dá pra entender...
- Tipo o quê?
- Por que o Nescau tinha gosto de chocolate mesmo?
- Tchê, um bruxo meu contou que as plantações de cacau no Brasil já eram! Baixou uma praga lá e fodeu com tudo. Agora, os chocolates que tu compra são um amontoado de açúcar com gordura hidrogenada. O cacau mesmo ficou muito caro...
- Ahhh... o Renato Russo não queria mesmo tocar "Pais e filhos"? Ele disse que era uma redação que ele tinha feito e...
- Conversa! Aquele cara era mó espertinho. Sabia muuuito bem o que agradava esse povêdo. Essa história de "fiz essa música pra mim" é puta conversinha. Se fez a música pra si próprio, por que gravou e vendeu?
- É... pior. O cara podia pôr água fria no Aquaplay?
- Sim, mas com água quente a parada funcionava mil vezes melhor.
- E o
Max Headroom? Qualé quiera daquele seriado?
- Ah, peraí! Daí, tu tá querendo demais!
- Como assim? É que eu olhava e achava massa o visual, mas lembro do meu pai dizendo que parecia filme de arte, com visão poética e sei lá...
- Cara, tenta entender: ninguém no universo sacou PORRA NENHUMA do Max Headroom...
- É tipo o mistério das câmeras Tecpix, que são as mais vendidas do país, mas o vagabundo nunca vê alguém com uma dessas?
- (som de palmas) Perfeito, pequeno gafanhoto. É por isso que somos bróder!
- É nóis...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Decepções. Sempre.

Quem me acompanha pelo blog (reiterando, assim, uma comovente falta de ter o que fazer de útil na vida) deve saber o afã que tenho que montar um baita rodeio para chegar ao cerne de minhas historinhas legaizinhas. Sou mestre em rodeio, apesar de achar que sempre posso melhorar.

É como usar uma trova que deu certo com duas ou três cidadãs o resto da vida. Alguma hora o cara há de aprimorar certos fundamentos que permitirão variações irresistíveis a alguns cérebros de minhoca que encontro por aí. Em alguns casos, dá para ser mais direto do que em outros, mas sem perder la ternura jamais. Che Guevara perdeu, vacilou e tomou tiro no lombo.

O facto é que bateu a fome e fui comer fora, na Cidade Baixa. Lá fui eu, serelepe e bem acompanhado, perto do meio-dia, para testar um lugarzinho novo, aprazível e bem decorado com fotos de comidas bem temperadas. Não parecia Photoshop, pra dizer a verdade. O ambiente estava instalado onde outrora era um bar cult onde não ia ninguém. Nem eu. Cult tem um significado próximo ao do bundamole. O único movimento pela frente do antigo boteco, então, eram apenas o do alvoroço das pulgas que mina(va)m as roupas roubadas usadas pelos mendigos que ensebam as calçadas da Lima e Silva.

A novidade ficava por ser um cachorro-quente (perigo! Perigo!) com um espetinho sem a madeira dentro. O tal cachurrasco, como dizem por aí. Adoro essa merda e sentia falta disso na Capital. Sim, porque já é sabido minha eterna implicância com hot-dogs. Segundo Flávio, meu amiguinho de banda, "não sei como fazem xis ruim, meu... é só juntar pão, maionese, uns troços e carne... fácil!". É... mas estamos falando de algo mais complexo. O único que ainda aturo na vida é um aqui perto de casa, do lado do hotel onde trabalha a progenitora dum amigo meu, que é um puta jornalista. Não é prensado, mas não vem litros de condimentos e o molho, apesar de nitidamente requentado, é excepcional. O problema maior é que o tio, mais um cretino com cara de "compre minha comida e ajude minha família de 10 filhos", me armou uma inesquecível em dada feita:

- Ô, campeão... vê aí pro marido o de sempre! - sim, devo lembrar que era o 5º cachorro que eu comprava em sequência numa mesma semana.

- Opa, no capricho!

- Hmmmm, xovê... cara... mas... veio mostarda e catchup?!

- Ah, tu queria sem? Podia ter pedido.

- Mas é que sempre peç... bom, tá. Já eras.

E fiquei sem um novo alimento. E a cara do "me ajuda" virou um debochado "te fode, bocó!". Tio de Towner de hot-dog tem dessas, né?
Tá, tá... daí, tipo, cheguei nesse lugar novo na Cidade Baixa e tudo. Pouca gente, mal sinal. Mas é novo e tal... comecei a sacar que eu tinha me metido em uma enrascada ao ver o preço de um espetinho de filé: 15 pila. Caralho, mermão! Quando saio do Berarril em dia de jogo do Inter, como aquelas porcarias mal passadas e feitas sabe-se-lá de que raio de carne mal cuidada por 4 pila! E ainda dá pra achar por menos! Se os donos desse bar gastaram 2 reais pra montar o espeto deles foi muito.
Mas dei um voto de confiança. Não, não, eu não poderia ser enganado de novo. Sou muito forte para me arrepender, como diria o falecido Bebeco. Pedi um cachurrasco de frango. Minha moça pegou sei lá qual. Eu tava nervoso pra caralho, mermão!

Demorou. Putalomierda. Foram fabricar a droga da galinha, acho! E meu crédito inicial sendo devorado como um cartão telefônico no Uruguai. Chegou, então, a comida. Bem, vou ser prático só uma vez na vida e narrar direto o diálogo que tive com o malandro do caixa, poupando o leitor do que senti à mesa:

- E aí, pessoal, beleza? Gostaram da refeição? Somos novos e tal e...

- Bom, JÁ QUE TU PERGUNTOU, não, cara (nota do Mará: só avacalhe quando lhe perguntarem o que tu achou. Caso contrário, só diga "arrã"). Na verdade, eu detestei. Esse cachorro veio em formato de barca de queijo ralado, maionese, milho, ervilha, alface e sem o tempero das fotos. E blablablablabla... não veio prensado, blablablabla, tava caro demais, blablablabla...

- Hmmm, entendo. Bem, nos desculpe. Na próxima vez esperamos acertar, né?

- Ô. É nóis.

Passei esses dias lá na frente e tava vazio de novo. Mas acho que era por ser sábado à noite. Oi? É nesses dias em que deve estar cheio? Ih, rapá... sacanearam no Photoshop da comida e a galera descobriu.