Fomos direto pra casa do Costela com as gurias, sem elas saberem que não haveria a tal pizza que combinamos. Azar delas: dava pra ver na nossa cara que havia alguma coisa de errado com a possível imagem de cordeiros que devem ter feito de nós.
Se bem lembro, eram 6 caras e 4 meninas. Costela já estava com sua meio-namorada; essa não contava. Sobraram 3 moças e 5 cidadãos famintos. Quando as luzes da sala se apagaram, após um verdade-ou-consequência do inferno, uma delas, gêmea gata de outra, já tinha caído nas ricas graças do mais chatito do grupo, o cão matreiro Técnico. Logo, a outra se bandeou com Rodrigo para o andar de baixo da casa.
Ficaram eu, Fúlvio, o dono do Fusca que nos carreteou até a casa e uma menina um tanto quanto lado B, a Bebel. Na cabeça e no físico.
- Tá, Marat, vai pegar ali ou não, porra?
- Sossega... tá na mão pra mim.
- Então vai logo, que senão eu vou!
Fúlvio não era de perder tempo. As luzes apagadas, os guris zanzando nervosos em volta como moscas na merda e eu sentado no braço do sofá, como um palerma esperando a droga da timidez me deixar fazer em paz as coisas que eu curto nessa porra de vida. E Bebel ali, paradita, pensando decerto "caceta, mas só tem cria nessa casa...".
Eu havia conversado com ela uns dias antes num posto de gasolina. Enquanto as gêmeas faziam o escarcéu clássico de meninas com hormônios em polvorosa, Bebel era mais comedida e engatou uma "troca de ideia" de quem, de fato, quer conhecer o oponente.
É nessas conversas em que acabamos sempre caindo no gosto musical da pessoa. E para mim isso é quesito eliminatório. Mas eu tenho a sorte grande desse mundo e sempre papeio com mulheres oriundas de ambientes esnobes. Arrota-se fino caviar quando come-se melequentas sementes de mamão.O legal não é dizer que gostam de Beach Boys... não, eles são muito bregas! O tri mesmo é catar lá do universo paralelo alguma banda desconhecida e adorá-la justamente por ser desconhecida, pouco importando se é boa ou não. Tem é que ser diferente.
Muito chato isso. Numa conversa, sempre estaremos com a impressão de estar aprendendo (o que é bom) com a pessoa errada e mais chata do pedaço (o que é enfadonho). Sim, acontece com meninas isso, principalmente em se tratando de fêmeas da capital.
- Eu curto muito Suburban Kids With Biblical Names... nossa, muito massa! E tu, Marat?
- Olha, tchê... tô ouvindo ultimamente Eric Carmen...
- Ui, credo!
Creio piamente na teoria que um ser humano chega a um nível tal de cultismo que ignora as coisas mais farofas que há no mercado fonográfico mundial. Ou arranjam alguém que sempre foi um bosta e resolvem erguê-lo à condição de mestre ou poeta mal compreendido. Bundões! É gente que não tempera a porcaria da massa Miojo com o tempero artificial clássico, por achar esse negócio padrão demais.
No caso específico de Bebel foi até tranquilo. Batemos os gostos de cara e ela estava "pré-trovada" para a noite da casa do Costela. Baseado nesse preceito besta, lá fui eu testar minha terrível timidez, já citada. Os guris pressionando, eu querendo a Bebel e ela me querendo. A silhueta de seu crânio de cabelos desarrumados, mas presos, estava sob efeito da luz da rua, num efeito cafona e convidativo. Eis que o brilhante poeta aqui teve a louvável ideia de se expor da maneira mais estudada, arrebatadora e que provava todo um estudo até então. Dei no meio mesmo:
- E aí... Bel... que tal a gente ir prum cantinho?
- É, legal... onde?
- Ali, naquele sofá!
Gênio.
Funcionou, óbvio. Ficamos nos enrolando durante HORAS e foi tudo bem...
... ou não. Saldo da noite: Rodrigo viu sua gêmea mijando no pátio da casa, Técnico disse que comeu umas 3 vezes a outra (eu não vi, deixo bem claro), Costela farunfou sua menina e eu sai com os dedos com o cheiro agridoce da intimidade de Bebel. Tomamos um café na casa do beleza e aí que eu me liguei o odor de minhas mãos parecia... látex. Porra (literalmente, talvez)!
Oh, sim, ia esquecendo: as gêmeas levaram uns discos do Costela emprestados para sempre e achei Bebel, anos depois, vestida de tal maneira masculina que fiquei preocupado com minha reputação ao titubear entre um beijo na bochecha ou um aperto de mãos.
Se bem lembro, eram 6 caras e 4 meninas. Costela já estava com sua meio-namorada; essa não contava. Sobraram 3 moças e 5 cidadãos famintos. Quando as luzes da sala se apagaram, após um verdade-ou-consequência do inferno, uma delas, gêmea gata de outra, já tinha caído nas ricas graças do mais chatito do grupo, o cão matreiro Técnico. Logo, a outra se bandeou com Rodrigo para o andar de baixo da casa.
Ficaram eu, Fúlvio, o dono do Fusca que nos carreteou até a casa e uma menina um tanto quanto lado B, a Bebel. Na cabeça e no físico.
- Tá, Marat, vai pegar ali ou não, porra?
- Sossega... tá na mão pra mim.
- Então vai logo, que senão eu vou!
Fúlvio não era de perder tempo. As luzes apagadas, os guris zanzando nervosos em volta como moscas na merda e eu sentado no braço do sofá, como um palerma esperando a droga da timidez me deixar fazer em paz as coisas que eu curto nessa porra de vida. E Bebel ali, paradita, pensando decerto "caceta, mas só tem cria nessa casa...".
Eu havia conversado com ela uns dias antes num posto de gasolina. Enquanto as gêmeas faziam o escarcéu clássico de meninas com hormônios em polvorosa, Bebel era mais comedida e engatou uma "troca de ideia" de quem, de fato, quer conhecer o oponente.
É nessas conversas em que acabamos sempre caindo no gosto musical da pessoa. E para mim isso é quesito eliminatório. Mas eu tenho a sorte grande desse mundo e sempre papeio com mulheres oriundas de ambientes esnobes. Arrota-se fino caviar quando come-se melequentas sementes de mamão.O legal não é dizer que gostam de Beach Boys... não, eles são muito bregas! O tri mesmo é catar lá do universo paralelo alguma banda desconhecida e adorá-la justamente por ser desconhecida, pouco importando se é boa ou não. Tem é que ser diferente.
Muito chato isso. Numa conversa, sempre estaremos com a impressão de estar aprendendo (o que é bom) com a pessoa errada e mais chata do pedaço (o que é enfadonho). Sim, acontece com meninas isso, principalmente em se tratando de fêmeas da capital.
- Eu curto muito Suburban Kids With Biblical Names... nossa, muito massa! E tu, Marat?
- Olha, tchê... tô ouvindo ultimamente Eric Carmen...
- Ui, credo!
Creio piamente na teoria que um ser humano chega a um nível tal de cultismo que ignora as coisas mais farofas que há no mercado fonográfico mundial. Ou arranjam alguém que sempre foi um bosta e resolvem erguê-lo à condição de mestre ou poeta mal compreendido. Bundões! É gente que não tempera a porcaria da massa Miojo com o tempero artificial clássico, por achar esse negócio padrão demais.
No caso específico de Bebel foi até tranquilo. Batemos os gostos de cara e ela estava "pré-trovada" para a noite da casa do Costela. Baseado nesse preceito besta, lá fui eu testar minha terrível timidez, já citada. Os guris pressionando, eu querendo a Bebel e ela me querendo. A silhueta de seu crânio de cabelos desarrumados, mas presos, estava sob efeito da luz da rua, num efeito cafona e convidativo. Eis que o brilhante poeta aqui teve a louvável ideia de se expor da maneira mais estudada, arrebatadora e que provava todo um estudo até então. Dei no meio mesmo:
- E aí... Bel... que tal a gente ir prum cantinho?
- É, legal... onde?
- Ali, naquele sofá!
Gênio.
Funcionou, óbvio. Ficamos nos enrolando durante HORAS e foi tudo bem...
... ou não. Saldo da noite: Rodrigo viu sua gêmea mijando no pátio da casa, Técnico disse que comeu umas 3 vezes a outra (eu não vi, deixo bem claro), Costela farunfou sua menina e eu sai com os dedos com o cheiro agridoce da intimidade de Bebel. Tomamos um café na casa do beleza e aí que eu me liguei o odor de minhas mãos parecia... látex. Porra (literalmente, talvez)!
Oh, sim, ia esquecendo: as gêmeas levaram uns discos do Costela emprestados para sempre e achei Bebel, anos depois, vestida de tal maneira masculina que fiquei preocupado com minha reputação ao titubear entre um beijo na bochecha ou um aperto de mãos.
A banda que nos uniu? Hoje, até acho ela meio bundona, mas gosto dessa merda.