segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Textículos

Solos. Coisas que passaram por minha frente vestidas de suplex rosa com bolinhas amarelas, montadas em um elefante cor de gelatina de limão.
  • Vi uns trechinhos do show do AC/DC no estádio do Jason. Banda afinadíssima; chega a irritar. As guitarras... bem, segundo Fábio Fischer, amigo e músico de minha banda, "dava pra ouvir até os estalos das válvulas".

  • As vozes é que já são um problema sério no grupo. Calma, que não é pecado pensar isso! A voz do Brian Johnson e os backings da dupla Cliff-Malcolm já dão sinais definitivos de que quem pagou os 300 pila para ver o show realmente tá pela celebração.

    Força, véio!

  • Muito triste ver os Brians preferidos (Johnson e Wilson) tendo suas vozes massacradas por trago e aditivos ou remédios e aditivos, respectivamente.
  • Alguém me ensine que raio de compressor, gate ou limiter as televisões andam usando para fazer com que locuções ou comerciais saiam com um som esmagadíssimo e inaudível.
  • Exemplo? Tente cantarolar a música da propaganda da Coca-Cola, aquela que tem uma animação computadorizada de uma festa na frente de um castelo... se você só ouvir um sopro de melodia, uns gritos de plateia e uns ruídos, bem, então estaremos pensando o mesmo. No Youtube, com o som alto, fica facinho de ouvir.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O que mudou em 3 anos?

Fica interessante de fazer um exercício mental acerca do que mudou na cena musical da Grande Porto Alegre nos quase 3 anos sem atividade do bloguinho do beleza aqui. O que será que aconteceu com as bandas, suas formas de divulgação na Internet e na rádio, seus propósitos em relação a músicas próprias, os parâmetros de côveres, a atenção quanto a visual, dogmas de comportamento, upgrade de equipamentos, avanços nas técnicas instrumentais e vocais...
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Pois com a convicção daqueles caras que não gastam horas tomando Colônia (ou "Locônia", apelido legalzão para tapear o sabor de Perfex que essa merda tem) conversando a respeito dos rumos da música, enchendo o zovido dos convivas, chego à mais uma conclusão nefasta, curta, que abarca tudo o que mudou, de facto, para os conjuntos musicais da região metropolitana da capital gaúcha:
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Nada.
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Solos. Coisas que bateram à minha porta enquanto eu caçava mosquitos vampiros nesse calorzinho.
  • No inverno de 2003, fiz a maldita fama do Rock Way comentando (com um claudicante texto, confesso) sobre a quantidade de músicos do Rock que se bandeavam para o Reggae e afins ("souêra", como disse um amigo meu). Mais que isso: a quantidade de músicos que tocavam em 3 ou 4 bandas dessas ao mesmo tempo.
  • O Reggae acabou, mas a galera não tem jeito de sossegar num projeto só. Éééé vontade de ensaiar, cruzes...
  • Quem são as bandas sobreviventes depois de 6 anos, desde o primeiro post desse blog?

domingo, 22 de novembro de 2009

Já que é Rock...

Ainda dentro do espectro da impactante opinião anterior (que certamente abalará as estruturas das variáveis que sustentam as ligações atômicas universais): já repararam na quantidade de 'gente feia' que nosso estilo preferido abarca?
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Se levarmos em conta que cada um tem no seu íntimo um ideal de rosto e corpo perfeito, não chega a ser algo tão ilógico ou preconceituoso a ser pensado. É uma realidade.
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Não precisamos ser gênios para sacar isso. E sacar o porquê de ser assim: o Rock é um estilo que criou essa fantasia da iconoclastia, do 'nem tô aí', de ir contra o estabilishment... fatalmente contra os padrões do mesmo. E se os padrões se referem à estética de mulheres esguias e vaidosas, por que não ir pelo caminho contrário? Claro, é do Rock!
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Como, no entanto, mesmo que a 'gente feia' tenha encontrado nos braços do estilo um abrigo quentinho e fofo, as pessoas em geral ainda têm discernimento. Não adianta somente o camisetão GG com a carona do Cobain estampada. Tem que ter um cabelo vermelo purpúreo cortado em casa, a tatuagem, o All Star roxo cobrindo as grossíssimas canelas e acessórios infantis espalhados pelo corpitcho.
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O facto de ter uma tropa de cabeludos desgrenhados que topam essas encrencas faz aumentar o plantel roqueiro. Talvez seja uma coisa cultural, de moda e essas coisas conversáveis enquanto tomamos aquele vinho barato francês, o Perrgolá. O suíngue das músicas dançantes de bares e casas caras chama a atenção da mulherada gata. Geralmente (e sublinhe bem esse advérbio) a beleza é própria das castas altas da sociedade. Sabe como é: pai bonito e rico quer mulher bonita, aumentando as chances de ter uma prole plasticamente aceita.
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Aos pobres, restam os ritmos populares e o Rock. Ele, guerreiro, highlander, imponente, diz a todo o povo: "vem, que o papai te acolhe no colo!". Ali, nos fronts da escola de Ozzy, estão enfileirados, feios, bonitos, inteligentes, marginais, magros, gordos, negros, ruivos, amarelos, caucasianos, limpos, imundos, caretas, cabações e viciados. Quando não há uma tribo do hype na qual se encaixar, escolha a opção 2.
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O Rock.
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Solos: besteiras que me ocorreram enquanto eu escutava vinis em versões nacionais dos Bee Gees...
  • Que fim levou o tal GAS Sound, aquele concurso da Guaraná Antarctica na RedeTV?
  • Que fim levaram as bandas que 'brilharam' nos concursos de verão da Karaoukê e da Cult Music?
  • Que fim levaram os festivais todos do Vale do Sinos e Paranhana?
  • Que fim levaram as gráficas que faziam flyers, cartazes legais e faixas para divulgação de rua?
  • E por último: que maldito fim levou a banda Grand Prix, do Rio de Janeiro, que tocava um som próximo ao Oasis (fase 96), e que eu havia descoberto à época do Rock Way of Life, em 2004?

É Rock ou não é?

Reativando a pocilga. É isso mesmo! É como diriam aqueles malditos anúncios de queima de estoque ou reinauguração de lojinha de fundo de quintal: "Você pediu... a gente voltou!".

Já se passaram quase três anos desde a última postagem no antigo Rock Way. A noção do que é Rock também passou. Desde 2007, quando excursionei pelo lado B dos anos 60, conversei com muita gente de banda, produtores, ouvintes e pessoal que nunca sacou porra nenhuma. Sem perguntar nada, fui re-pescando o espírito roqueiro que restou e como ele estava sendo filtrado pela nova geração.

Acredito que depois de tantas cervejas tomadas, muitos Torpedos (bebida barata de Taquara), horas de violão em escadas úmidas, psicotrópicos diversos, bandas terríveis, bandas ótimas, gente desligada, gente vencida... tudo isso depois, acabei por definir arbitrária e barbaramente um resumo do que se considera, hoje, uma atitude roqueira e o que se considerava em priscas eras.


E tudo se resume no cardápio que tem disponível no Bardomorro, em Sapiranga-RS. Os belezas montaram um portifólio de fotos e ilustrações das bebidas e boias em geral oferecidas pelo transgressor estabelecimento. A coisa mais marcante que vi ali foi a ilustração dos salgadinhos industrializados. Em vez de um pacotão de Milhopã (que seria um negócio afudê também), surge uma crássica Kombi furgão da Elma Chips!

Será essa a Kombi símbolo do Rock?

Ou poderia ser essa?

Claro que lá no cardápio vem o preço (R$ 2,50). Tomado pela Polar, agradeci ao Cabelo, dono do bolicho, por ter tido a visão de reativar um ícone de uma geração. Enquanto me derramava em rasgações de seda típicas de frequentadores do AA, um cidadão ao meu lado, representante característico do roqueiro comum, chamou minha atenção:

- Isso aí? Roqueiro? Ah, para, meu... tri era o outro cardápio dos lôco...

- Opa! É? Mas o que poderia ser mais Rocker que isso, bicho?

- Cara... essa Kombi não tem nada de Rock! Que que tem a ver? Saca aqui o antigo...

E me aparece um cartazinho com um desenho da uma Volkswagen anos 60, modelo hippie. E aí travou-se longa discussão sobre a validade dos discursos e tal...

O fato é que podemos ir de um ponto a outro dentro da mesma ideia de ser ou não Rock. Uma Kombi anos 60, daquelas que permitem mil e uma pinturas psicodélicas, certamente se trata de uma referência visual certeira... mas clássica e óbvia demais. Já uma furgoneta da Elma Chips reativa uma lembrança divertida nossa (só não a do roqueirão que discutiu comigo). Quem raios nunca quis invadir aquela Kombi amarela que carregava os Fandangos, Stiksies, Cheetos e Zambitos dos nossos sonhos? Imagina morar dentro de um furgão desses e encher a pança de Baconzitos até a mãe do cara ficar louca?

Salgadinho, por si só, não é um ícone roqueiro. Mas a transgressão de um valor já sedimentado (nesse caso, a perpetuação da VW hippie) é, sim, uma atitude própria dos velhos tempos.

Basicamente, 'ser Rock' fica reservado à quebra de padrões ou à iconoclastia. Batalhar em cima dos mesmos sempre é bom e identifica de longe facilmente um torcedor dos Beatles, mas deve haver o espaço para rir das próprias definições. É como usar uma camiseta do Abba em uma festa Punk.

Foge de minha acanhada compreensão que os cabeludos vão querer ver sempre os mesmos sinais, mesmas caras e falar sobre as mesmíssimas coisas. Escapar disso e ter autoridade de brincar com os alicerces da estética e filosofia que circunda o estilo de Chuck Berry parece no mínimo salutar para que as limitações não estrangulem o que vem por aí ainda.

Agradecimentos à turma que pedia a volta do RWOL. Eu fui resistente desde janeiro de 2007. Nesse meio tempo, gastei umas horas com faculdade e com mulheres... mais com a primeira, infelizmente. Isso, definitivamente, NÃO é Rock.

Licks: coisas que lembrei há pouco, mas que deu preguiça de fazer texto só pra isso.

  • Muitos shows bons num raio de 100km da minha casa. Só impressiona a falta miserável de divulgação.
  • As bandas pequenas que fiquem espertas: para gravar um bom disco, existe a Lei Rouanet.
  • Mais vale uma música boa ou uma muvuca na Web?
  • Esqueçam os bares consagradamente grandinhos. Noite cara, long necks superfaturadas e ambiente que há horas são bem pesados. E não aceitam Banricompras. Sim, eu sou um bagaceiro chinelão.