sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

1984 é agora!


Tava eu cagando esses dias e pensando. Sim, é matriculando o guri na natação que temos nossas melhores ideias e chegamos às melhores conclusões sobre vida e sociedade. Vi, como qualquer antenadinho chatito do Facebook, vídeos com os malnutridos norte-coreanos chorando pela morte de seu líder enviado dos céus - assim como é o Apóstolo Valdemiro Santiago -, em fila e esmurrando o chão.


Claro, você vai dizer "mas que bando de otário!". Eu também. A questão levantada agora por mim nem é essa. Lembram do livro 1984? Se você é fã de Big Brother ou já teve pensamentos mundanos em relação a bundas e músculos (opa! Daí, não...), sabe que raio de obra é essa: um dos romances mais perturbadores do século 20. É, sei, garota, ele não é fofo e tutute como o incrível roteiro da saga Crepúsculo, mas tem lá seu valor.

Foi desse livro que aquela produtora holandesa tirou o título Big Brother, o Grande Irmão. No livro de George Orwell, era uma entidade fake usada para embotar a cabeça da população, atochando nos belezas que havia um grande amigo, um grande irmão a zelar por nós. E ele usava câmeras nas casas de cada um para monitorar o ir e vir das pessoas. Um mecanismo minimamente tecnológico para que o Partido Comun... digo, o Partido soubesse quem estava andando fora do esquadro traçado por suas diretrizes que só visavam, claaaaro, o bem do pueblo.

Isso existe. De uma maneira diferente, adaptada, mas existe. Que o diga Londres, casualmente a cidade onde se passa a história do 84. Sabemos ser a cidade mais vigiada do mundo. Mas filtros de Internet em países socialistas e serviços virtuais secretos de grandes impérios são uma forma mais discreta de medir a vida do galerê.

Outra filhadaputagem-base do livro é a devoção forçada exigida pelos regimes ditatoriais. Isso sempre rolou... taí a Alemanha nazista, da segunda metade da década de 30, que não me deixa mentir. A Rússia stalinista, Cuba-a-ilha-não-se-rende com discursos castristas de 6h de duração, a Coreia do Norte com bandeirinhas e gente faceirinha por ser subjugada a Kim Jong-il Ping Pong também podem ser citadas como o fino do odioso método autoritário de ditadores.

E por último a Polícia do Pensamento. No libelo de Orwell, a entidade se dava por meio de agentes infiltrados (nada muito diferente do que rolou no período militar no Brasil), publicações, conversas, imagens das câmeras e até o dedodurismo cretino natural das crianças. Pensou torto, foi contra o Partido, cagou fora do penico? Cana. Morte. Mas antes uma execução moral na mídia oficial.

Isso já não rola atualmente? Digo: sim! No Facebook e Twitter e antes no Orkut. Experimente abusar uma vírgula da liberdade de expressão garantida pelo senso comum e Constituição nacional e tu vê o que te acontece! Há uma Polícia do Pensamento infiltrada habilmente no julgamento de cada membro dessas redes sociais, pagando de patrulha ideológica perniciosa, burra, mal intencionada e cabaçona.

- Mulheres de verdade não tomam bomba, comem carne...
- Quê? Como assim 'mulher de verdade come carne'? O que tu quer dizer com isso? E a violência com os animais? Será que tu é tão alienado assim?


Pronto. Você se queimou publicamente. Pensou fora do que o politicamente correto/moderno entende como verdade indiscutível, tomou discussão nas fuças! Nem precisa ser tão malvado comedor de presépio assim. É só ir de encontro a qualquer outra bundice e a Polícia do 1984 está ali. Só em casos extremos matam, mas até chegar a esse ponto a reputação do indivíduo torra.

Esse texto poderá ser violentado também, já que será publicado no Facebook. Mas quem leu 1984 sabe como escapar do Grande Irmão Bundamole.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Duelo

- E aí, cabeludo?! Chega pra conhecer meu trabalho. Saca só: fizêmo pulseiras de couro mesmo, brinquinho de semente pra namorada, colarzinho... dá uma olhadinha aí.
- Opa, beleza... bah, bonito trabalho, meu. Bacaninha essa formiga de arame aqui.
- A formiga é simbólica, meu chapa. Tu pode bloquear o caminho dela, tirar a comida dela e ela vai tá sempre continuando o trabalho, ajudando as companheiras... tá ligado?
- Bah, pode crer! E vem cá: não rola aí uma figurinha?
- Figurinha?
- É, cara... bichinho, Shiva... hehe, saca? Daquelas que o Barrett usava pra caralho!
- Ih, cabeludo... errou o pulo. Só vendo meu artesanato. Tá me achando com pinta de trafica?
(biiiihhhh...)
- Mmm, sei... e tu ganha a vida só vendendo pulseirinha? Ah, qualé? Tu tá mal das estruturas, hein?
(ohhhh...)
- Mal tá tu, né, bróder? Vai pedir figura pra hippie?!
(baaaaiiiihhhh...)
- Sim, e tu queria o quê? Que eu pedisse pra polícia?
(yyeeaaaaahhh!!!... clap, clap, clap!!!)

Próximo!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pra que tudo isso?

Foi num pub da moda, outrora antro de fumantes inverterados. Eles fumavam como quem precisava mostrar ao mundo o quão foda era o tabagismo descontrolado. Como um torcedor de um time de 2ª divisão enaltecendo seu amor cabaço e 'inexplicável' ao mundo. Foi nesse pub em que conheci Vandinha.

Tava eu enchendo o rabo de trago ao lado de meus comparsas quando o irmão da mina vem no meu zovido e me larga que sua mana queria conhecer o beleza aqui. Vê se eu posso! Até os irmãos das gurias tão fazendo o lado das beldades. Bom, fui, né? Vandinha era um tipo interessante de mulher. Razoavelmente baixa, compactada (não era aqueles fiapos mal nutridos que vemos com frequência em bares de Rock) e tava com um discreto vestido preto. Cheguei, passei um papo descontraído e super transado e pã! Peguei. Beijo bom, apesar do evidente contratempo do gosto de levedura que emporcalhava nossas boquinhas de anjo.

Com o passar do tempo, você deve imaginar que, lógico, rolou um acasalamento frenético e viril. Vários, em várias situações, sempre com desempenho lindo de ver. Nesse quesito, nada de malabarismos de filmes adultos americanos, nem de gemidos espalhafatosos, como se eu estivesse enfiando uma espada dentro do ventre da cidadã. Era muito bom, e isso era bom.

Mas como é de praxe, resolvi me aprofundar nos gostos culturais da Vanda. Algo que veio natural, dada a bagagem dos dois. Eu, professor de Literatura; ela, acadêmica desses cursos de Moda. Ela curtia uma tal de Lana Del Rey, cê conhece? Eu não conhecia e achei beeem mais ou menos. Achei música de gente que quer parecer cool, diferente dos outros, do tipo "só eu curto e conheço e esse som". Coisa de cabação, em resumo.

Já me estressei, mas como o som não era exactamente ruim, deixei passar. Até que um dia, passados aí uns 3 meses, resolvi perguntar:

- E aí, Vandinha? Tem mais algum álbum da Lana pr'eu ouvir?
- Ih, novidade: nem tô curtindo mais Lana...
- Ué... hehehe, qualé que deu?
- Saca...

E me mostrou uma reportagem de uma tal de Elizabeth Grant, que tinha tentado sucesso no showbizz, fracassou, botou silicone e preenchimento de lábios e voltou ao mercado com novo nome. "Sensacional!", pensei; mas para Vandinha e seus amigos foi uma ofensa digna de jogar o antigo gosto musical no lixo.


É esquisito... tipo, eu ouvia Capital Inicial pra caralho em 2000. Era um contato com o Rock de Brasília, tinha uns sons legais nos anos 80 e tudo o mais. Hoje, não ouço com a mesma frequência, mas longe de detestar a banda por conta das cretinices gravadas por Dinho atualmente. Curti um dia, hoje prefiro outras coisas.

A música deve comportar uma série de ícones, desde o musical, passando pelo social, chegando à imagem. É lógico que o artista vai se emperiquetar todo para parecer um personagem. O sujeito tem que emprestar o máximo de sinceridade, mas pode extrapolar seus limites. Ou você acha que a camisa de flanela do Cobain era algo realmente casual? Era exactamente como as pinturas do Kiss, como as roupas do Hendrix e os terninhos dos Beatles.

Imagine você odiar um ator porque ele fez outro filme?! Curtiu o Michael J. Fox em "De volta para o futuro", mas achou nada a ver o cu com as calças ele parecer um lobisomem em "Um garoto do futuro". E o pior: não interpretou a si mesmo em nenhum dos filmes! Mas que afronta! Quem aquele baixinho canadense pensa que é?

Pobre Lana... por querer ser mais gatinha, perdeu milhares de fãs que, na real, nunca gostaram mesmo dela. Mas como ela estava no hype, era tri dizer que curtiam os sonzinhos pastéis dela. Agora, só eu para consolá-la. Por via das dúvidas, não vou levar músicas dela no meu próximo encontro com Vandinha.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O tamanho do raio do Sol

Tirando o fato do enorme equívoco (e gafe, vá lá...) que foi o uso da combinação estroncha de camiseta azul claro com calças roxas, acredito que minha noite no Divina Comédia naquele fim de março de 2010 foi basicamente loser.

Cheguei lá e lembro de ter sido apresentado a uma tal de Tati, amiga dos guris. Achei que eu poderia foder alguém naquela noite. Mas ela:

- Ei, esse cara parece aquele guri do "Pequena Miss Sunshine"... né?
- Hahaha... pior, né? Qual era o nome do cara mesmo?
- Ai, sei lá... Dwayne... algo assim...

E eu do lado dela, claro. Com cara de mangolão.

- É, isso... hahahAHA!

Magoou-me:

- Bom, Tati, melhor parecer alguém do "Pequena Miss Sunshine" do que ter o TAMANHO da Pequena Miss Sunshine...

Magoei-a.


Aprendi que não se deve acabar com as esperanças de uma mulher que se emperiquitou toda para uma festa assim, no más. Com isso, fui tomar gim e tônica, tomei toco, flertei fatalmente com outra, tomei toco e fiquei de beiço debaixo da escada. Ela também.

Saquei que essa porra desse filme só serve mesmo para fazer o cara comprar uma Kombi.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Nnnum intindi

- Mas, Marat, música não é imagem, meu...
- Ah, não? E tu deixou teu cabelo crescer por que razão? Pra ficar parecido com a tua mãe?

Próximo!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Analogia

Tristeza e angústia não combinam
com a doida brevidade da vida.
E ainda há tempo para ser forte!

Mas não há poemas que ensinam
como encarar sem medo a morte
se para a morte só existe passagem de ida...

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bloco de vidro

Queria ter nascido diferente
Com o poder inconseqüente
De ver através do cristal
Que se forma ao morrermos
De tédio e coisa e tal.

Quando boto nesses termos
É porque considero que acho
Que a vida, essa fase morta
Que tanto perdoa essa gente torta,
É perigosa como o vil riacho.

domingo, 11 de setembro de 2011

Tudo errado

Há tempos. Pensemos em termos de reuniões sociais, como no caso de uma igreja comum. A católica, talvez, para se aproximar mais de minha criação.


Em princípio, uma igreja simpática e bucólica de interior é uma reprodução material de toda a vontade divina na Terra, correto? E, pelo mesmo princípio básico, a ordem religiosa que ergueu o templo tem sua fé alicerçada no 'livro mais vendido no mundo', é isso? Tá, beleza... só que minha noção de australopitécus não entende uns troço.


Tipo, o cara lê o livro, se diverte com as histórias do Velho Testamento, torce pelo Golias e chega ao Novo Testamento. Ali, há a história incompleta de um cidadão que é descrito como um semi-deus, a exemplo de Ulisses. É um livro, tudo bem. Mas o cenário das pregações espirituais que aparecem nos contos em nada se parece com uma capela! Não parece lógico que as igrejas baseadas na existência de Jesus fossem, então, um terreno meio desértico (reproduzindo o relevo na Judeia), com um laguinho e barcos (imitando o trabalho dos apóstolos) e umas ovelhas. Ali é que deveriam rolar as missas, sem todo essa pompa com ouro e imagens fakes, tampouco com o silêncio que se exige dentro dum lugar desses.


Acontece um erro de avaliação com o tal de Rock:


- E essa roupinha aí de almirante, Marat?

- Que que tem ela? É tenente-comandante, porra... achou tri?

- Nada a ver, meu! Tu te acha tri roqueiro...

- É, isso lá é.

- ... mas Rock não é imagem! É atitude, cara!


Ah, é? Nem na propaganda do Nescau, que traz pro vagabundo uma tal de 'energia e atitude', rola Rock de verdade. A gurizada que vê na capa dos discos dos Ramones aquele bando de secos enfiados em jeans apertadissississímos, e usa calça larguissississíma, certamente não deixou o cabelo crescer para ficar parecido com a mãe. É porque precisamos de ídolos de comportamento e cultura, mais do que um ídolo precisa das pessoas (Dylan, Bob).


Só que assim como aconteceu com a igreja, distorceram tudo as paradas do Rock. Por mais que o estilo seja o mais propício a juntar tudo que é estilo de ideia, influência e referência, ele não é uma maldita forma de salvar a porcaria do mundo! Quando ouço AC/DC, não penso em virar vegan nem em respeitar mulheres: eu fico é com vontade de tocar terror ao redor.


Estão vendo o estilo musical como sendo uma cartilha cor-de-rosa com diretrizes de bom mocismo pequeno-burguês, respeito aos direitos humanos e animais e convite à meditação. Ah, porra! Cor-de-rosa é como fica a cabeça do meu pau mole... e é a cor do meu celular comprado na Internet, ahhaha!


A tríade 'sexo, drogas e Rock n' Roll' já era. Cortaram o sexo, pois parece feio o cara comer alguém e achar isso afudê; as drogas já foram tiradas pela propaganda do mó evento de música no Brasil (trocaram, adivinhem, pelo verbete 'atitude'...); e o resto você sabe: não se ouve nas rádios faz horas.


Sinceramente, concluir um assunto desses tomaria muita energia de mim e tô com fome. Vou meter um churrasco, encher a pança de cerveja e tentar angariar um rabo-de-saia pra mim, ouvindo Zeppelin nas alturas.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Advérbio

- Não entendi o que tu disse...
- De novo, guria? Porra, vou ter que te explicar tudo?
- Ai, heheheh... é que eu tô meia lenta hoje...


Fim do papo. A lentidão é todo dia, nem vem. Mas advérbio com gênero não rola.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Suco de bergamota

- Por que tu me 'cutucou' no Facebook?
- Ora... tua foto apareceu, tinha o botão de 'cutucar' dando sopa ali e meti bala!
- Ah, é? Então, se tiver um revólver em cima da mesa, tu pega ele e dá um tiro na cabeça?
- Peraí: sou tarado, não burro.

Bolo de verdadinha

- Olha, não é porque tu é de banda de Rock que as gurias se jogam pra ti...
- Eu sei. Deve ser por conta dos meus lindos olhos azuis.
- Mas tu não tem olhos azuis, Marat...
- Viu só?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Torrada

Tô lendo tardiamente o tal de "Misto-quente". Já tinha pego o livro em mãos e lido as primeiras páginas na faculdade, livremente tomado de minha colega, a Adriana. Como tinha que estudar e ela queria terminar de ler, adiei em 9 anos minha degustação do velho sujo.


O livro é bom e tem uma linguagem ácida que não toca terror para os iniciados em Salinger ou Kerouac. Mas, por isso mesmo, por parecer com esses caras, Bukowski é bom pra caralho. Só que destrinchar um livro assim, sem ter lido nem mesmo "O capitão saiu pra almoçar..." (seu 'diário de bordo' antes de bater as botas), me parece usar o diploma que tenho como arma contra minha cabeça.


Eu quero falar é da porra do título. Misto-quente. Tu já comeu misto-quente? Ah, sim, isso é de comer. Jesus Cristo, ninguém num raio de 500km de onde moro deve ter pedido um misto-quente num boteco.



- Ô, Vanderlei, belezêra?

- Firme, Marat. Cervejinha?

- Não, cara... tô com fome. Pedir um misto-quente...
- Quê???

Aqui essa parada se chama (e não "chama") TORRADA! Deveria haver uma gauchalização de certos termos. Simplesmente a porra do livro daquele velho cretino tem um nome que não faz nenhum sentido pro pessoal que, segundo o Gessinger, vê o Brasil de cabeça pra baixo. Nós, no caso.

É como o caso infeliz da sandália. O que chamam de "sandália" nas propagandas recentes é classicamente considerado um "chinelo". Não me venham com essa porra de empresa de marketing que acha a palavra 'chinelo' algo chinelo. Dizer que Havaianas com prego na tira não serve só para passar massa corrida em parede e, sim, como acessório casual de burgueses metidos é pernicioso. Sandália é um tipo de calçado; chinelo é outro.

Embora não acredite que "bolo inglês" tenha virado "cupcake" (todo enfeitado por chantilly e confeitos) por ação de agências de publicidade, imagino também que acreditem, em algum lugar do país, que um "suspiro" branquinho só se chame ""merengue" em espanhol. Nein! Na minha terrinha nojenta, é merengue e deu pro zôvo! E as embalagens que descem do centro do Brasil transformam "negrinhos" e "branquinhos" em "brigadeiros" e "beijinhos". Ganas de mastigar essas drogas, engolir, vomitar, fazer uma omelete freak e mandar por sedex pro Sistema.

E também dá vontade é de pegar uns brigadeiros, beijinhos, suspiros, mistos-quentes e sandálias marqueteiras e zoar com a bunda, fodendo as esperanças de manter suas virgindades anais, de candidatos a publicitários regionalistas que não se prestam nem a sacar qualé a de outras zonas desse continente. Até lá, termino o "Torrada", de Bukowski, e releio outro livro com título sem sentido: "O apanhador no campo de centeio".

- Ei, cara... vamos jogar beisebol no campo de centeio aqui ao lado?
- Quê???
- Tá, Marat: no pasto...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma nova sensação.

Minha primeira vez foi com o filhodaputa do Fábio. É, pouca gente sabe disso. Na real, já tinha tentado com outros caras, mas o Fábio é que tinha a manha das coisas. Precisava ser com ele. E foi. Com o os outros, tinha sido numa estrada de chão, na calada da noite, ouvindo Lobão. Era uma fitinha K7 gravada à machado, mas dava um ar lúdico para a ação.


Estávamos com os amigos todos na praia de Tramandaí Sul, curtindo a porra do carnaval do meio da década. Ainda havia um fulgor putanheiro em Xangrilá, com uma penca de lugarezinhos infectos para você beber uma cerveja com gosto de repolho e trovar umas safadas. O papo lá era a mesma coisa sempre, você vem sempre por aqui, um cara como eu tem alguma chance, também gosto de festa, quem são suas amigas, vocês são irmãs? O churrasquinho era de gato de rua, os carros nada populares e nós, semi-pobres e sem acesso às casas noturnas da moda, enfrentávamos o fluxo de gente de maneira brava e guerreira.


Fomos para a praia em 5 dentro de um modelo 1.0. Eram umas 11h da noite e o correrio tava pela metade. Bêbados, gostosas, bombados, bichas e alguns travestis ainda se esgueiravam por ruas e dunas, vomitando e quebrando garrafas na areia da praia para foder com a vida do cidadão comum que curte esse lance de areia e Sol. Achamos interessante tentar fazer esse esquema super-secreto com todo mundo da turma. Seria um método de selarmos a amizade e o clima estava propício.


Fizemos tudo meio errado na praia, ninguém se entendeu, ficamos com receio de que alguém visse e fomos de volta pra casa. Já era alta a noite, a vizinhança de metidos a burgueses dormindo, as garotas com seus garotos sarados e tatuados e aspirantes a BBB, e nós ali, querendo correr nossos riscos por uma coisa que era proibida. A sociedade em volta da casa realmente não entenderia nossos propósitos. Tolice. Esses malditos só servem para trazer aqueles cachorros feitos sob encomenda para incomodar a partir das 5 da manhã. Mas certamente os papais corretinhos de agora já fizeram isso em algum momento de sua juventude transviada.


Dois foram dormir. Cansados do combate contra sei-lás e não-queros tomados nas fuças o dia todo, adormeceram sob pedidos de clemência para não fazemos barulho. Seria impossível, acho.


Chegou a hora. Sentamos, colocamos The Cure para rolar no carro do Fábio e ficamos na garagem mesmo. Sem rodeios nos preparamos... era diferente, agora ia ser de verdade. Ainda bem que estava com os camaradas. Se desse algo errado, eles me ajudariam, certamente fariam isso.




Não tinha seda. Só papel de jornal. Metemos a erva ali mesmo e fumamos. Viajei que tava numa floresta de geléia roxa com lantejoulas. Foi legal. Nunca mais senti o mesmo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Como entender o cérebro mulherístico

Vejo homens dizerem que não entendem as mulheres. É, o maridão aqui não vai explicar algo que nem Einstein conseguiu. Mesmo porque o véio da língua pop não tentou; preferiu desvendar as leis que regem massa, tempo e origens do universo, por ser bem mais barbada de chegar a uma conclusão aproveitável.


Imagine a cena: você e sua namorada, feminina que só ela, com todos os "ai-guri-idiota" que as relações permitem, à frente do botão que pode salvar o mundo da aniquilação repentina. Se você não apertar o botão, 6 bilhões de pessoas, todos seres vivos, tudo... irá desaparecer como que instantaneamente, sem chances de retornar no próximo bilhão de anos. Tá tu e tua namorada... tu tem que escalar sei lá que raio de esquema para chegar na porra do botão. Tua guria começa a discutir a relação. Quer te beijar exactamente na porcaria da hora em que, faltando 5 segundos, tu vai privar o planeta do desaparecimento. E você tenta argumentar: "Sai fora, guria! Tenho que apertar isso!!!"


Pronto. Você salva a Terra. Pela lógica, caro amigo, a menina deveria estar aliviada tanto quanto você, que se tornou o herói do mundo. Mas nããão... não, não. Você pode apostar suas economias, que seriam para dar um lance no consórcio de sua Titan, que a menina está chorando de tristeza/raiva/decepção por você ter gritado com ela. Não importa o mundo, não importa nada. O que importa no momento é vocês dois e o jeito que foi usado para falar com ela.


As novelas da Globo são escritas por mulheres que tem TPM. Isso é certo. Mas elas refletem, da maneira mais gastrítica possível, uma realidade com a qual você terá que lidar para chegar à tranquilidade final. Há uma moça desaparecida há horas, alguns preocupados e seu ex muito preocupado. Faz sentido: tem gente que sumiu e precisa ser encontrada. Pode estar morta. Pensa que isso comove o personagem-fêmea, prima da sumida, que também é ex do cara que tá se matando de procurar? Nãããão... não, não. O que importa ali é "você ainda é apaixonado pela fulana-que-sumiu, né?". Ai ai ai ai ai! Caraaalho! Tem uma criatura que evaporou e a menina tá se perguntando sobre a paixonite do cara? Mas meu deus??? Qual é, afinal de contas, a prioridade?


Certamente é a mesma pessoa que escreveu outro diálogo irritante (e não menos esclarecedor/realista) mal digerido por mim, ainda entorpecido de uma Quilmes litro. Um homem e uma mulher, com filhos e vidas próprias, famílias, empregos... querem fugir e seguir suas vidas. Tá, até aí vai. Deu na telha, querem foder, encheram o saco de seu cotidiano pachorrento. Mas o cara não pôde se encontrar com ela em uma dada situação por ter que voltar pra casa e ajudar sua filha, drogada. É um problema sério e que certamente creditaria folga nas cobranças em cima desse pai.


Mas nããããão, não, não A mulher me larga o clássico "sempre-com-suas-desculpas" e já fica de cara. Eeeeeiiii, peraí! Tem uma filha se afundando no inferno das drogas e a outra simplesmente pensa em "mover montanhas para ficarmos juntos"? Ah, mas que raio de genética perversa e egoísta é essa?


Pois é, camarada. Assim funciona na vida real. A diferença é que você não pode desligar a TV antes de fazê-la de inimigo do Black Belt. No cotidiano, o vagabundo tem que se virar com uma tentativa de usar a didática, lógica e mapas conceituais abstratos. Tudo isso não é bem processado por um cérebro feminino, desculpe. E eu sei bem disso. Mas a tentativa é válida e você poderá dormir com sua consciência descarregada.


No próximo texto vai rolar uma lista de dicas de como driblar esse impasse passional de uma cabeça de sua fêmea. Enquanto isso, use e abuse de seu tupi-guarani para atingir seus objetivos. Romantismo ainda atinge em cheio o coração delas. Pois mesmo com essas lógicas fora de lógica, é bom quando essas criaturas passam perfumadas por ti e tu aspira o ar como se fosse a última carreira da tua vida, bem faceiro e obedecendo aos hormônios. Como, aliás, fazem as meninas.



segunda-feira, 9 de maio de 2011

Nostalgia virtual

- Bicho, tem uns troços da minha infância que simplesmente não dá pra entender...
- Tipo o quê?
- Por que o Nescau tinha gosto de chocolate mesmo?
- Tchê, um bruxo meu contou que as plantações de cacau no Brasil já eram! Baixou uma praga lá e fodeu com tudo. Agora, os chocolates que tu compra são um amontoado de açúcar com gordura hidrogenada. O cacau mesmo ficou muito caro...
- Ahhh... o Renato Russo não queria mesmo tocar "Pais e filhos"? Ele disse que era uma redação que ele tinha feito e...
- Conversa! Aquele cara era mó espertinho. Sabia muuuito bem o que agradava esse povêdo. Essa história de "fiz essa música pra mim" é puta conversinha. Se fez a música pra si próprio, por que gravou e vendeu?
- É... pior. O cara podia pôr água fria no Aquaplay?
- Sim, mas com água quente a parada funcionava mil vezes melhor.
- E o
Max Headroom? Qualé quiera daquele seriado?
- Ah, peraí! Daí, tu tá querendo demais!
- Como assim? É que eu olhava e achava massa o visual, mas lembro do meu pai dizendo que parecia filme de arte, com visão poética e sei lá...
- Cara, tenta entender: ninguém no universo sacou PORRA NENHUMA do Max Headroom...
- É tipo o mistério das câmeras Tecpix, que são as mais vendidas do país, mas o vagabundo nunca vê alguém com uma dessas?
- (som de palmas) Perfeito, pequeno gafanhoto. É por isso que somos bróder!
- É nóis...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Decepções. Sempre.

Quem me acompanha pelo blog (reiterando, assim, uma comovente falta de ter o que fazer de útil na vida) deve saber o afã que tenho que montar um baita rodeio para chegar ao cerne de minhas historinhas legaizinhas. Sou mestre em rodeio, apesar de achar que sempre posso melhorar.

É como usar uma trova que deu certo com duas ou três cidadãs o resto da vida. Alguma hora o cara há de aprimorar certos fundamentos que permitirão variações irresistíveis a alguns cérebros de minhoca que encontro por aí. Em alguns casos, dá para ser mais direto do que em outros, mas sem perder la ternura jamais. Che Guevara perdeu, vacilou e tomou tiro no lombo.

O facto é que bateu a fome e fui comer fora, na Cidade Baixa. Lá fui eu, serelepe e bem acompanhado, perto do meio-dia, para testar um lugarzinho novo, aprazível e bem decorado com fotos de comidas bem temperadas. Não parecia Photoshop, pra dizer a verdade. O ambiente estava instalado onde outrora era um bar cult onde não ia ninguém. Nem eu. Cult tem um significado próximo ao do bundamole. O único movimento pela frente do antigo boteco, então, eram apenas o do alvoroço das pulgas que mina(va)m as roupas roubadas usadas pelos mendigos que ensebam as calçadas da Lima e Silva.

A novidade ficava por ser um cachorro-quente (perigo! Perigo!) com um espetinho sem a madeira dentro. O tal cachurrasco, como dizem por aí. Adoro essa merda e sentia falta disso na Capital. Sim, porque já é sabido minha eterna implicância com hot-dogs. Segundo Flávio, meu amiguinho de banda, "não sei como fazem xis ruim, meu... é só juntar pão, maionese, uns troços e carne... fácil!". É... mas estamos falando de algo mais complexo. O único que ainda aturo na vida é um aqui perto de casa, do lado do hotel onde trabalha a progenitora dum amigo meu, que é um puta jornalista. Não é prensado, mas não vem litros de condimentos e o molho, apesar de nitidamente requentado, é excepcional. O problema maior é que o tio, mais um cretino com cara de "compre minha comida e ajude minha família de 10 filhos", me armou uma inesquecível em dada feita:

- Ô, campeão... vê aí pro marido o de sempre! - sim, devo lembrar que era o 5º cachorro que eu comprava em sequência numa mesma semana.

- Opa, no capricho!

- Hmmmm, xovê... cara... mas... veio mostarda e catchup?!

- Ah, tu queria sem? Podia ter pedido.

- Mas é que sempre peç... bom, tá. Já eras.

E fiquei sem um novo alimento. E a cara do "me ajuda" virou um debochado "te fode, bocó!". Tio de Towner de hot-dog tem dessas, né?
Tá, tá... daí, tipo, cheguei nesse lugar novo na Cidade Baixa e tudo. Pouca gente, mal sinal. Mas é novo e tal... comecei a sacar que eu tinha me metido em uma enrascada ao ver o preço de um espetinho de filé: 15 pila. Caralho, mermão! Quando saio do Berarril em dia de jogo do Inter, como aquelas porcarias mal passadas e feitas sabe-se-lá de que raio de carne mal cuidada por 4 pila! E ainda dá pra achar por menos! Se os donos desse bar gastaram 2 reais pra montar o espeto deles foi muito.
Mas dei um voto de confiança. Não, não, eu não poderia ser enganado de novo. Sou muito forte para me arrepender, como diria o falecido Bebeco. Pedi um cachurrasco de frango. Minha moça pegou sei lá qual. Eu tava nervoso pra caralho, mermão!

Demorou. Putalomierda. Foram fabricar a droga da galinha, acho! E meu crédito inicial sendo devorado como um cartão telefônico no Uruguai. Chegou, então, a comida. Bem, vou ser prático só uma vez na vida e narrar direto o diálogo que tive com o malandro do caixa, poupando o leitor do que senti à mesa:

- E aí, pessoal, beleza? Gostaram da refeição? Somos novos e tal e...

- Bom, JÁ QUE TU PERGUNTOU, não, cara (nota do Mará: só avacalhe quando lhe perguntarem o que tu achou. Caso contrário, só diga "arrã"). Na verdade, eu detestei. Esse cachorro veio em formato de barca de queijo ralado, maionese, milho, ervilha, alface e sem o tempero das fotos. E blablablablabla... não veio prensado, blablablabla, tava caro demais, blablablabla...

- Hmmm, entendo. Bem, nos desculpe. Na próxima vez esperamos acertar, né?

- Ô. É nóis.

Passei esses dias lá na frente e tava vazio de novo. Mas acho que era por ser sábado à noite. Oi? É nesses dias em que deve estar cheio? Ih, rapá... sacanearam no Photoshop da comida e a galera descobriu.

sábado, 30 de abril de 2011

Lysergsäurediethylamid

- Bah, Marat... tu não atendeu ao telefone na segunda, né? Porra, cara... rateou! Ficamos bebendo vinho ali na escada da praça e tocando alta viola!
- Ah, é? Quem é que tava lá junto?
- Tava os piá tudo, meu... foi uma noite punk, cara, ahaha... os vizinhos até ligaram pra polícia. A gente sarneou um monte...
- Vinho barato, escada, punk e polícia?
- É, por aí...
- Cara, chega dessa porra! Eu vou te contar afinal o que foi uma noite realmente punk, sem o sentido cabaço da droga dessa alcunha! Fui pra Porto para ver minha garota. Sim, eu namoro uma guria tri gata e inteligente, ao contrário desses bonecos de jardim de camisetas preta GG com cheiro de suor e viradas em sebo nos cabelos que ficam zanzando na volta da gurizada.
- Mas...
- Fica gelo! Fui lá, enfiado no meu terno pseudo-militar britânico... saca, parecia que eu ia casar com a Kate, cara! Cheguei lá, transportamos o prato de vinil e caixas de som e uns discos doidos. Peguei uns Led mais modernos e o "Rubber Soul" e o "Revolver" dos Beatles. Nos jogamos nos colchões no chão, um ambiente hippie pra caralho e pegamos uma figurinha... um olho de Shiva, com uma carinha do véio Sidarta pedindo pra tomar uma tesoura nos cornos.
- Na segunda-feira isso, meu?
- Sim! Em vez de esperar o finde, resolvemos colocar um quarto de figurinha na boca e começar a ouvir uns Led. Essa porra demora pra dar efeito. A partir de um momento, resolvemos dar uma volta pela Cidade Baixa. As coisas começaram a mudar de tamanho. Voltamos pro apê e deliramos fodido nas coisas. Tiramos a roupa e vimos como é foder sob efeito lisérgico, bem melhor que o efeito do Pérgola. Apagamos a luz e viajamos, pelados e com frio, nas cores que se acenderam no quarto. Laranja, verde, cinza... a gente ficava pela metade colorido. E o "Revolver" rolando no aparelho, com todos os detalhes sonoros possíveis! A partir dali, tudo fez sentido! Ouvir "Tomorrow never knows" viajando de ácido me forçou a pedir pra guria pegar uma Zillertal na geladeira para darmos uma segunda volta. As escadas se mexiam: o piso do corredor ia pra frente, azulejos para trás e os degraus sumiam por debaixo disso tudo. Quando descemos, Porto Alegre vazia pra caralho. Só uns garis na rua. Seguimos só até a esquina com a Perimetral, mendigo dormindo pelas calçadas e comecei a perceber movimentações estranhas de dois sujeitos na esquina da nossa rua. Retardei o passo e deu uma bad trip. Neurótico, mudei o lado da rua, com minha mina pensando que eu queria fotografar edifícios antigos. Porra, cara, morei nessa cidade maldita e sei reconhecer uma situação de perigo. Fomos pelo meio da rua vazia, entramos na André da Rocha, viajamos na cor da sinaleira, olhei pra trás e vi dois caras enfezados em lados diferentes da rua. Apertei a mão da guria, achamos a chave em um segundo e entramos na hora certa no apartamento. Por pouco escapamos de perder dinheiro e ter uma bad terrível. Só lá dentro do apartamento é que tivemos noção exacta do que escapamos de sofrer. Os filhos da puta ainda continuaram a circular pelas ruas atrás de vítimas e nós ligamos pra polícia. Depois de coração a zilhão por conta de química e bads, minha menina me fez uns carinhos e quando vimos estávamos transando novamente. Uma boa resposta a galera que não tem isso e prefere assaltar no frio da noite, encarando trabalhadores-braçais com seus minguados ordenados de fim de mês.


- Caralho...

- Shhh, curte: no edifício à frente, um traveco e uma gorducha numa função pra sair pro serviço. Eram duas da manhã e resolvemos continuar fodendo que nem doidos! Ficamos nessa função altas horas. A polícia apareceu depois de duas horas, não viu mais ninguém, e finalmente gozamos sob efeito de doideira. O sono não veio, tentamos ficar quietos apenas e acordamos pela manhã. Ouvi mais "Rubber Soul". O Cachorro Grande se gabava de não faltar pó e Beatles em sua época de capital. Minha moça foi pra faculdade e eu parecia aqueles mods que dormiram na rua, amarrotados e com o cabelo sujo. Comi umas paradas, me deparei com meninas com roupas de academia e jeito que quem sairam de um ginásio em New York, comprei um jornal e vi como a vida se recicla depois de uma noite tão a Deus-dará. Dormi, ouvi mais discos e foi a vez de nossa vida ser tocada adiante.

- É, parece mais interessante do que tocar violão pra Ju e pra Raque...

- BEM mais, cara. Bem mais.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Horror

- ... mas tu nem sabe, amiga... descobri quem é o verdadeiro Marat!
- É? Ai, me conta tu-do!
- Um baaaita dum nojento, arrogante... ui, que guri que dá vontade de bater!
- Mas que que ele te fez?
- Pra mim, nada. Ainda, né? Descobri que... que ele gosta de mulher!
- Aiiii... não...
- É! Vê se pode, agora, isso?!
- Bem o tipinho dele!
- Tem mais é que se afastar duma gente dessa!

Preservativos num acúmulo sem precedentes na história.

domingo, 9 de janeiro de 2011

A dêi in de láif

- Olá, meu nome é Sérgio. E o seu?

- É Marat, beleza?

- Tudo bem! Em que posso ajudá-lo? Atrás de um carrinho 0km?

- Pô, carrinho bacana esse, hein?

- Ah, sim, evidentemente. É o top de linha da marca.

- Bah, tri afudê... quais são as especificações técnicas dele?

- Completo: pintura metálica, roda de liga, ar, direção, trio elétrico, som de última geração, kit aerodinâmico, 6 airbags, sensor de estacionamento, farol de milha e um motor turbo de 156 cavalos. Três anos de garantia, não precisa de manutenção...

- Porra... e é confortável, né?

- Banco de couro, né, Marat? Isso vai ser confortável por anos a fio. Com esse carro, tu, que é gurizão ainda, vai pegar alguma mulher nessa vida. Todos nossos clientes donos desse carro adoraram a sensação de poder que ele dá. Tudo isso com a confiabilidade dos nossos serviços e uma tradição de 60 anos no país.

- Pois é, tchê... eu já tinha ouvido falar bem dele e tal. Sinceramente, acho que não preciso saber mais que isso pra gente fechar negócio.

- Perfeitamente, sr. Marat. O senhor não quer pensar mais um pouco? É um veículo de alto padrão e quem tem lá seu custo compatível com o status que ele proporcionará...

- Não, não, Sérgio. Vou comprar mesmo!

- Ok. Pessoal, mais um feliz proprietário desse novo carrão!

(som de palmas e urras pela concessionária)

- Bem, só precisamos acertar algumas coisas... o sr. sabe, né? Os papéis, ehhehe...

- Ah, claro, sempre eles.

- Bem, acho que está tudo pronto aqui. O sr. pretende pagar como?

- Aceita Banricompras?

- ...