terça-feira, 5 de outubro de 2010

Só um detalhezinho

Faz a diferença. Experimente tirar uma mangueira de fluido de freio de uma Ferrari e tente parar o carro depois. É... no mundo feminino é assim também.
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Sempre gostei de detalhes no corpo ou na personalidade da mulher. Mas principalmente no corpo, lógico! Eu curto o lance de reparar num cotovelo, por exemplo. Sério! Uma vez eu fui ao Ocidente e tava aproveitando o correrio com a gurizada, tentando, pra variar, ensaiar uns moonwalks tacanhos (tinha morrido com 30 mangos na entrada mesmo), quando avistei uma garivana no mezanino do lugar. Ela estava de vestido, era bonita, mas... seus joelhos! Caralho, mermão, que coisa mais tão doce, bem desenhada, rotunda. Eu fiquei tarado nas drogas dos joelhos daquela loira cretina. E enchi o saco do pessoal na volta, tentando mostrar o quão interessante podia ser aquilo. Ninguém dando a menor pelota. Cegos!
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Desde gurizão, imaginava eu me refestelando em franjas de meninas, peitos sardentos, olhos cor de mel, coxas curtas e grossas, óculos e aparelhos de dentes. Dos fininhos, fique claro. Uma vez eu tava enchendo o rabo de trago com um primo meu e discutindo sobre seios femininos. Minha teoria, comprovada naquela noite, dava conta de que se as tetas da guria fossem pequenas, o que compensava essa sensação era o formato do braço. Se a região do bíceps fosse mais redondinha, feito: pareceria que os seios eram proporcionais e certamente lindos. O primão riu da minha cara.
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Essa porra de detalhe atinge até minha noção de eu mesmo enquanto ser humano. O tamanho de meus olhos, as olheiras cadavéricas, tudo isso me sempre deixava com raiva de meu rosto. Detalhe, né, mas que fazia uma puta diferença entre eu aceitar essa fuça ou não. Arranjei uma namoradinha uns anos atrás que disse que eram a coisa mais lindinha desse mundo. Pronto! Agora olho no espelho do banheiro e vejo a porcaria do Tom Cruise tomando chimarrão nos Pampas.
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Em certa feita coloquei minhas artimanhas para trabalhar (sim, pra alguma coisa tem que servir o lindo diploma que ganhei), em prol de meu saco escrotal. Consegui mostrar, após árdua e dificílima escolha de palavras, para uma determinada moçoila incauta como sou fofo e sensível, apesar de guardar um instinto destruidor de esperanças nesse corpo esquálido. Era uma mulher que há tempos eu mirava com gosto especial, como se fosse almejando um título de Libertadores. Eu estava naquela noite na final, imaginei. Mobilizei o veículo automotor e fui buscar Tati em uma rua erma. Deu certo. Plano infalível. Sorrateiros, frisamos a gadeia do terreno inimigo.
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Não havia até então um detalhe em especial no qual me apegara. Ela toda era interessante. Um corpo bonito, personalidade forte (não era o que chamamos de 'geniosa', que por sua vez é um eufemismo pra xaropona do inferno) e tinha bom hálito e bom beijo. É, experimentei antes. E o que era vontade virou uma pequena obsessão.
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Entramos num local mais privado e logo veio a sensação de que estávamos livres para saborear o corpo um do outro. Bem, acredito que não seja necessário entrar em pormenores de um evento desses, até porque quem lê esse bolicho certamente já passou por momentos semelhantes. Mas algo aconteceu. No meio da luz difusa azul, Tati viu seu sutiã sendo retirado com quatro dedos maratianos (técnica aprendida em algum tutorial por aí) e eis que o 'detalhe', aquele ardilosamente escondido de mim, se revelava. Seios, novamente eles.
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Eis um caso à parte. Seios existem, estão repetidos aos borbotões nesse texto, mas com essa menina, sob a tal luz azul, foi diferente. Um desenho delicadíssimo, cor clara, sem imperfeições de nenhuma ordem, pintadinhos, mamilos róseos, nem olhando para cima nem para baixo. Estavam ali quietinhos, matreiros, convidando esse sujeira aqui para sugá-los miseravelmente. Sou muito obediente.
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Macios, doces (com gosto doce mesmo, tipo açúcar de confeiteiro) e quentes. Como diria um amigo meu: "Cara, tu ia querer morar naquelas tetas!". Eu quis mesmo, por muitos minutos... principalmente quando Tati disse: "Ai, como eu goooosto disso!". Aquilo soou provocante como um general russo ouvindo de seu presidente para apertar o botão da bomba H. Como uma oferta de bananas a um símio. Como balas 7 Belo a pré-adolescentes. Como um técnico mandando um sub-21 enfeitar todas as jogadas em um clássico. Como um trafica balançando buchas na cara de um adicto.
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A judiação da noite, apesar da entrega dos beijos e seios da menina, ficou por conta de que não termos 'completado' as atividades. E isso importa? O que importa são os guizos de Natal em "God only knows", não sua letra. Vale é a cartola de Slash, não seus solos. Vale Paul McCartney sacudindo a cabeça durante algum "uuuhh", não se isso sai afinado. O tri é cheiro a algodão-doce no disco da Kate Perry, não suas músicas. Eu compraria um Aston Martin britânico, caríssimo e perfeitíssimo, só por conta do guarda-chuva inglês que vem junto com a máquina milionária. Quase adquiri uma Ferrari Maranello só pra ficar com a bolsa de golfe, confeccionada em couro de bisão, que dão de presente com o carro. Sério!
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Mas se um dia terminarmos o que paramos tempos atrás, pode ser que eu encontre outro detalhe mais chamativo ainda, como a mancha que carrego no pinto.
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Não... impossível. Acredite.
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A mancha é enorme.