sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pra que tudo isso?

Foi num pub da moda, outrora antro de fumantes inverterados. Eles fumavam como quem precisava mostrar ao mundo o quão foda era o tabagismo descontrolado. Como um torcedor de um time de 2ª divisão enaltecendo seu amor cabaço e 'inexplicável' ao mundo. Foi nesse pub em que conheci Vandinha.

Tava eu enchendo o rabo de trago ao lado de meus comparsas quando o irmão da mina vem no meu zovido e me larga que sua mana queria conhecer o beleza aqui. Vê se eu posso! Até os irmãos das gurias tão fazendo o lado das beldades. Bom, fui, né? Vandinha era um tipo interessante de mulher. Razoavelmente baixa, compactada (não era aqueles fiapos mal nutridos que vemos com frequência em bares de Rock) e tava com um discreto vestido preto. Cheguei, passei um papo descontraído e super transado e pã! Peguei. Beijo bom, apesar do evidente contratempo do gosto de levedura que emporcalhava nossas boquinhas de anjo.

Com o passar do tempo, você deve imaginar que, lógico, rolou um acasalamento frenético e viril. Vários, em várias situações, sempre com desempenho lindo de ver. Nesse quesito, nada de malabarismos de filmes adultos americanos, nem de gemidos espalhafatosos, como se eu estivesse enfiando uma espada dentro do ventre da cidadã. Era muito bom, e isso era bom.

Mas como é de praxe, resolvi me aprofundar nos gostos culturais da Vanda. Algo que veio natural, dada a bagagem dos dois. Eu, professor de Literatura; ela, acadêmica desses cursos de Moda. Ela curtia uma tal de Lana Del Rey, cê conhece? Eu não conhecia e achei beeem mais ou menos. Achei música de gente que quer parecer cool, diferente dos outros, do tipo "só eu curto e conheço e esse som". Coisa de cabação, em resumo.

Já me estressei, mas como o som não era exactamente ruim, deixei passar. Até que um dia, passados aí uns 3 meses, resolvi perguntar:

- E aí, Vandinha? Tem mais algum álbum da Lana pr'eu ouvir?
- Ih, novidade: nem tô curtindo mais Lana...
- Ué... hehehe, qualé que deu?
- Saca...

E me mostrou uma reportagem de uma tal de Elizabeth Grant, que tinha tentado sucesso no showbizz, fracassou, botou silicone e preenchimento de lábios e voltou ao mercado com novo nome. "Sensacional!", pensei; mas para Vandinha e seus amigos foi uma ofensa digna de jogar o antigo gosto musical no lixo.


É esquisito... tipo, eu ouvia Capital Inicial pra caralho em 2000. Era um contato com o Rock de Brasília, tinha uns sons legais nos anos 80 e tudo o mais. Hoje, não ouço com a mesma frequência, mas longe de detestar a banda por conta das cretinices gravadas por Dinho atualmente. Curti um dia, hoje prefiro outras coisas.

A música deve comportar uma série de ícones, desde o musical, passando pelo social, chegando à imagem. É lógico que o artista vai se emperiquetar todo para parecer um personagem. O sujeito tem que emprestar o máximo de sinceridade, mas pode extrapolar seus limites. Ou você acha que a camisa de flanela do Cobain era algo realmente casual? Era exactamente como as pinturas do Kiss, como as roupas do Hendrix e os terninhos dos Beatles.

Imagine você odiar um ator porque ele fez outro filme?! Curtiu o Michael J. Fox em "De volta para o futuro", mas achou nada a ver o cu com as calças ele parecer um lobisomem em "Um garoto do futuro". E o pior: não interpretou a si mesmo em nenhum dos filmes! Mas que afronta! Quem aquele baixinho canadense pensa que é?

Pobre Lana... por querer ser mais gatinha, perdeu milhares de fãs que, na real, nunca gostaram mesmo dela. Mas como ela estava no hype, era tri dizer que curtiam os sonzinhos pastéis dela. Agora, só eu para consolá-la. Por via das dúvidas, não vou levar músicas dela no meu próximo encontro com Vandinha.