segunda-feira, 25 de março de 2013

Super Ego

- Quê?! Ah, com certeza prefiro uma guria vestida de prenda a uma vestida pra baile funk.
- Sério?
- Sério. Pó perguntá de novo pra mim.

Eu e meus diálogos com meu Outro Eu.

terça-feira, 5 de março de 2013

Flores embaixo do meu travesseiro


Dar flores. Um dos mais ardilosos argumentos materiais já inventados pelo homem. Provavelmente proposto por uma donzela-em-perigo:

- Lêidi, tu sabes que te amo!
- Oh, Lórdi, então me prova isso!
- Como poderei provar esse amor maior que o mundo que nutro por tua pessoa, Milêidi?
- Com um doce e bucólico buquê de rosas silvestres, nobre cavaleiro!
- Pfff... taqueopariu...

Mas eis que apesar do preço empobrecedor de trabalhadores-braçais que um amontoado de plantas tem, o troço volta e meia funciona. Sabe, sempre achei que essa parada fosse mó clichê (bom, não deixa de ser) e tentei comoventemente usar a quebra de padrões como marca própria.

Mas testei antes. Não é assim "Pá, tive uma ideia do caralho!", não. Testa-se a teoria em amplo período de tempo e em várias cobaias até chegar próximo da perfeição.

Comecei com a Fernanda, namoradinha que estudava francês. Ia visitá-la de moto na cidade ao lado e achava que em pouco tempo teríamos um relacionamento próspero e duradouro. Inovei: em vez de flores de floricultura, sementes de amor-perfeito. Ela plantando soaria como o cultivo do amor entre os dois. Não te parece genial? Pois é, pra mim parecia.

E Nandinha achou o máximo. Plantou mesmo, diz ela. O namoro durou duas semanas. 

Depois, testei com uma mocinha de longe, outro estado. Júlia era uma mulher interessante e que compreendia bem esses desvios de padrões. Num de nossos esporádicos encontros, lá fui eu com o mesmo pacotinho de amores-perfeitos. As sementes não vingaram, mas o namoro foi um pouco mais longe: 1 ano e 8 meses.

Acha que me dei por vencido? A parte alemã dos meus genes não deixa eu desistir fácil. A próxima era Laiana, e tentei essa parada de novo. Pacotinho de sementes da mesma flor.  Vamos combinar que amor-perfeito é bonitinho, né? Plantei junto com a guria, pra ter certeza. Tenho mão boa para fazer as plantinhas nascerem, tem que ver. Germinaram. O cachorro comeu tudo. Namoro que durou 5 meses.

Já abatido com isso, parti pra outro teste. Mencionei o assunto 'flores' com Isa:

- Bah, não gosto de flores...

Cobaia perdida. Nem o fato de eu ter feito um jasmim nascer de uma flor adiantou. Namoro durou 2 anos, com mais um ano de idas e vindas. Nem insisti com as sementes.

Entende? Eu precisava de algo que compensasse o complexo de feiura que carrego desde o 2° grau. Um dia vi uma lista como nomes de guris na mesa de duas meninas interessantes. Inocente, acreditei que fosse "Os Caras Mais Legais da Sala".

Não era. Fiquei em vice no campeonato interno dos mais feios. Perdi o título pro colega que sentava ao meu lado. Foda.

Com a próxima namoradinha, alterei levemente a estratégia. No lugar de um envelopinho com girinos de flores, um vasinho com uma já crescida e devidamente cultivada. Uma violeta, para desequilibrar a equação. Muito bem recebido o presente, pouco deve ter durado na mesa de trabalho dela. Assim como a relação: três meses.

Mesmo sendo brasileiro (ou germânico, como antes admitido), quase larguei de mão a pesquisa de campo. Não é fácil ter uma ideia fofa de cultivo de um romance e ser solenemente ignorado nas boas intenções. Então, seria mesmo o tal buquê de rosas a grande arma para atingir em cheio os corações femininos? Não, não podia ser.

Com Júlia busquei outra alternativa: uma florzinha simples, dessas que dão em árvore e tu estoura com os dedos. É mó charme a parada! E é meio sulamericano: os ianques não conhecem, vejam só. Então, dei uma desses botões pré-fechados para a moça, uma linda moça, e ela adorou!

Relacionamento? Dias, não mais que isso.

Quando vê, o esquema é usar os já defasados carros de mensagem na porta do trabalho da pretendida:

- Atenção, Fulana! Essa... é uma mensagem de amor!
(entra o som do clarinete de Kenny G ou o tema de Titanic e sai eu do Celta com rosas brancas polvilhadas de purpurina e cola cintilante e um texto padrão ao fundo)

Há alguma estratégia para as oportunidades vindouras? Nem eu sei. Basicamente esperarei que os discos de vinil aqui me deem alguma luz sobre como proceder nessa dura batalha pela arma perfeita na arte da conquista. Até lá, sem bombons, flores e cachorros-quentes.