sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ela voltou ao quarto

Ela se levantou da cama e puxou junto um pouco do lençol que me cobria. Não importava... o ambiente no meu quarto tava quente, mesmo com o ventilador de teto ligado no talo. O cheiro que circulava entre roupeiro, mesa, TV e cama decerto era bem diferente do aroma natural da casa. Um misto de suor, cama molhada, vagina, pênis, látex, bunda e cabeças. Devia de tá um horror, mas me acostumei.

Ela foi até o banheiro se lavar. Joana estava pingando de meu esforço, com marcas de mordidas, beijos violentos e dedos nervosos. Vestiu uma camisetona GG que eu tenho estrategicamente disposta para auxiliar meninas a circularem à vontade em minha residência. Ela estava desesperadoramente gostosa naquele fim de tarde. As pernas judiadas pelo namoro-casamento montado às pressas não se deixavam obliterar pelas poucas cavidades de celulite.

Era lindo de ver sua bunda enorme e firme escapando dos limites da bainha da camiseta, entrecortada pela calcinha brega (cheiro artificial de morango). Seus seios pequenos fincavam sofregamente a roupa, como quem querendo crescer para me agradar mais. Nem precisava, pois seus quadris eram de fazer eu cometer um crime para morar dentro daquelas carnes todas. Delícia.

Uma mulher completa, já, aos seus 17 para 18 anos. Precisava mesmo sair de casa, morar com algum gaudério xucro que lhe bancasse casa e comida. Seus pais deveriam sofrer o inferno com ela e sua irmã, já mãe. Meninas querendo pular a janela de casa para dar para algum pobre trabalhador-braçal que lhes agradem incomodam toda a vizinhança. E eis aqui ela, casadinha e se entregando para um cabeludo sujeira como eu.


E dava, meu Deus! Parecia gastar a vontade de meses. Todavia, não colaborava nem uma beirada para fazer com que eu entrasse em seu corpo branco. Deitada na cama toda errada, acusava notável inabilidade de fazer uma das coisas mais simples do mundo, totalmente submissa. Ao beijá-la enquanto a penetrava, dava pra sentir uma felicidade oblíqua, depois confessando que seu marido não fazia isso quando a tomava como mulher. Romantismo zero do cidadão... e ponto pra mim. Pelo que gemia, eu tava no caminho certo. Sublime.

Joana deixou a porta aberta. Eu podia ver sua movimentação calculada. Baixou a calcinha brega, sentou com jeitinho e ouvi o barulho de líquido descendo... pensei nos meus amigos pirando num negócio desses; na certa, sugeririam brincar de chuva dourada; um asco! Pegou bastante papel para se limpar, imaginando que eu continuaria no saboroso oral feito com vontade nela. Era cheirosa. Não, ela tinha um cheiro neutro, de corpo, não daquelas mulheres de pele grossa, com foliculite e cheirando a bunda o tempo todo.

Foi à pia, abriu o armarinho, pegou uma escova de dentes (a minha, sem problemas), encheu de pasta barata e começou um balé com os braços. Pude ver de longe os delicados movimentos que seus braços servis descreviam no ar, guiando minha escova em sua boca. Pelo canto, a espuma escorria e caia na porcelana. Logo pensei besteiras, que certamente colocaria em prática tão logo pudesse. Doce. Demorou naquilo. Cuspiu algumas vezes e, finalmente, se lavou, limpou todo o rosto, buscou um pente e alisou seus cabelos castanhos ondulados. Ela olhava em direção à minha porta, mas não me via por conta da escuridão. No rosto, uma expressão quase burocrática, de quem já fizera tantas vezes os mesmos roteiros. Secou seu rosto e voltou para meus aposentos. Linda.

No quarto, me perguntou o que eu estava olhando. Bem, não é todo dia que uma mulher corpuda daquelas entra tão desavisadamente no meu ninho. Eu tinha o direito de curtir minha conquista e dar risadas de meus tempos de outrora. Lembro bem da vez em que peguei uma caipira com pele italianada e fui adentrar a pequena em seu quarto, na casa de seus tios, que a criavam. Sob a tutela deles, a menina (homônima à cidadã que estava de pés descalços agora em meu antro) não poderia “ficar trancada no quarto”. Um dia chaveou a porta e foi advertida com grossura. Pais ou tios não querem que façam com suas filhas e sobrinhas o que eles mesmos fizeram com as filhas e sobrinhas dos outros. Situação embaraçosa. Pois agora havia uma mulher decidida e com poucas amarras (hoje, casório é amarrinha mixuruca), que por mais que fosse medida em seus modos, tentando, sei lá, não parecer tão atirada, podia se trancar comigo sem receios.

Que tarde aquela! Seus cabelos ainda continham nós por conta de minhas mãos domadoras de sem-vergonhas. Ela já estava arrumando os tênis para vestir. Desvirou as meias rosas, desvirou uma perna de sua maldita calça saruel, ajeitou a calcinha, juntou o sutiã e se jogou de volta na cama, num ímpeto de fofura. Por que será que eu achava coisas tão banais, feitas por uma mulher razoavelmente banal, tão interessantes? Ela fuça em sua bolsa, revira carteira, pega o celular, olha a hora e comete um crime...


Eram fotos do afilhado ou de alguma criança nojenta qualquer.


Fotinho de afilhado no celular, NÃO!


Dei dois reais para o ônibus e mandei-a embora na hora.

2 comentários:

  1. Tu me faz lembrar do Luís Fernando Veríssimo e do Harold Robbins :]

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  2. Bahhhhh essa história morreu no fim mesmo.

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