quarta-feira, 9 de junho de 2010

Desistir? Nunca!

O papo ia bem. Regado a bom vinho, em um dos bares da República, rua razoavelmente metida a boêmia na capital.

— Sim, eu já vi essas trilogias! Achei legal demais. Mas adorei também “O fabuloso destino...

— ... de Amélie Poulain”, sei qual é. Hehehe... vi com uma ex-namorada minha. Ela pirou que queria ser a Amélie e andar de lambreta por aí. Mas eu tenho uma moto sem freios e ia ficar deprimente.

— Ai, que viagem, hahah! E música? Gosta de Teatro Mágico?

— Mmmm... tu gosta de Legião Urbana? Smiths?

— Sim, sim, mas e de coisas novas?

— Sei lá, sabe? Sou meio resistente por natureza, mas bandas como Valentinos, Pública, Fuzzcas... acho que eu posso citar essas. Uma hora vamos num show deles por aqui.

— Eu pago o vinho!

— Eu pago o estacionamento...

— Nem parece que a gente já tá conversando há horas, né?

— É, é... mmm, hmmhmhmh...

— Marat... que que tu tá fazendo?

— Hã? Olha... na minha terra, a gente chamava isso de “estou tentando te beijar”.

— Ai, na boa?! Não parece meio cedo? Sério, Marat... não me sinto bem ficando com um amigo meu.

— Tu não fica de jeito nenhum com amigo teu, é?

— Não fica brabo. Eu sou assim.

— Então tu pega a droga do Teatro Mágico e enfia no teu cu, xaropona do caralho! Sua bundona de merda! Vai cagar no mato com Amélie Poulain e sei lá mais quem, porque essa porra é chata pra caralho! Tua vida deve ser uma merda de um simulacro da realidade, no qual tu deve se achar a enviada da porra da sabedoria e castidade, mas não suporta um fim-de-semana sem dar pro primeiro sujeira que aparecer na frente!!!

— Credo, guri idiota! Tu tá louco? Que que eu te fiz, meu Deus? Olha que ridículo! E eu pensando que tu era meu amigo, hein? Nossa...

— Bem, agora que não sou mais seu amigo, vamos continuar a partir da cena do beijo?

— Credo! Nojo!

Ainda entre o riso e a sensação de ser um eterno loser, ajeitei as cadeiras, paguei o vinho, o estacionamento, o pato e mico.

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