quarta-feira, 6 de julho de 2011

Uma nova sensação.

Minha primeira vez foi com o filhodaputa do Fábio. É, pouca gente sabe disso. Na real, já tinha tentado com outros caras, mas o Fábio é que tinha a manha das coisas. Precisava ser com ele. E foi. Com o os outros, tinha sido numa estrada de chão, na calada da noite, ouvindo Lobão. Era uma fitinha K7 gravada à machado, mas dava um ar lúdico para a ação.


Estávamos com os amigos todos na praia de Tramandaí Sul, curtindo a porra do carnaval do meio da década. Ainda havia um fulgor putanheiro em Xangrilá, com uma penca de lugarezinhos infectos para você beber uma cerveja com gosto de repolho e trovar umas safadas. O papo lá era a mesma coisa sempre, você vem sempre por aqui, um cara como eu tem alguma chance, também gosto de festa, quem são suas amigas, vocês são irmãs? O churrasquinho era de gato de rua, os carros nada populares e nós, semi-pobres e sem acesso às casas noturnas da moda, enfrentávamos o fluxo de gente de maneira brava e guerreira.


Fomos para a praia em 5 dentro de um modelo 1.0. Eram umas 11h da noite e o correrio tava pela metade. Bêbados, gostosas, bombados, bichas e alguns travestis ainda se esgueiravam por ruas e dunas, vomitando e quebrando garrafas na areia da praia para foder com a vida do cidadão comum que curte esse lance de areia e Sol. Achamos interessante tentar fazer esse esquema super-secreto com todo mundo da turma. Seria um método de selarmos a amizade e o clima estava propício.


Fizemos tudo meio errado na praia, ninguém se entendeu, ficamos com receio de que alguém visse e fomos de volta pra casa. Já era alta a noite, a vizinhança de metidos a burgueses dormindo, as garotas com seus garotos sarados e tatuados e aspirantes a BBB, e nós ali, querendo correr nossos riscos por uma coisa que era proibida. A sociedade em volta da casa realmente não entenderia nossos propósitos. Tolice. Esses malditos só servem para trazer aqueles cachorros feitos sob encomenda para incomodar a partir das 5 da manhã. Mas certamente os papais corretinhos de agora já fizeram isso em algum momento de sua juventude transviada.


Dois foram dormir. Cansados do combate contra sei-lás e não-queros tomados nas fuças o dia todo, adormeceram sob pedidos de clemência para não fazemos barulho. Seria impossível, acho.


Chegou a hora. Sentamos, colocamos The Cure para rolar no carro do Fábio e ficamos na garagem mesmo. Sem rodeios nos preparamos... era diferente, agora ia ser de verdade. Ainda bem que estava com os camaradas. Se desse algo errado, eles me ajudariam, certamente fariam isso.




Não tinha seda. Só papel de jornal. Metemos a erva ali mesmo e fumamos. Viajei que tava numa floresta de geléia roxa com lantejoulas. Foi legal. Nunca mais senti o mesmo.

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