sexta-feira, 28 de maio de 2010

O negócio é não ser um bundão cult

Fomos direto pra casa do Costela com as gurias, sem elas saberem que não haveria a tal pizza que combinamos. Azar delas: dava pra ver na nossa cara que havia alguma coisa de errado com a possível imagem de cordeiros que devem ter feito de nós.

Se bem lembro, eram 6 caras e 4 meninas. Costela já estava com sua meio-namorada; essa não contava. Sobraram 3 moças e 5 cidadãos famintos. Quando as luzes da sala se apagaram, após um verdade-ou-consequência do inferno, uma delas, gêmea gata de outra, já tinha caído nas ricas graças do mais chatito do grupo, o cão matreiro Técnico. Logo, a outra se bandeou com Rodrigo para o andar de baixo da casa.

Ficaram eu, Fúlvio, o dono do Fusca que nos carreteou até a casa e uma menina um tanto quanto lado B, a Bebel. Na cabeça e no físico.

- Tá, Marat, vai pegar ali ou não, porra?
- Sossega... tá na mão pra mim.
- Então vai logo, que senão eu vou!


Fúlvio não era de perder tempo. As luzes apagadas, os guris zanzando nervosos em volta como moscas na merda e eu sentado no braço do sofá, como um palerma esperando a droga da timidez me deixar fazer em paz as coisas que eu curto nessa porra de vida. E Bebel ali, paradita, pensando decerto "caceta, mas só tem cria nessa casa...".

Eu havia conversado com ela uns dias antes num posto de gasolina. Enquanto as gêmeas faziam o escarcéu clássico de meninas com hormônios em polvorosa, Bebel era mais comedida e engatou uma "troca de ideia" de quem, de fato, quer conhecer o oponente.

É nessas conversas em que acabamos sempre caindo no gosto musical da pessoa. E para mim isso é quesito eliminatório. Mas eu tenho a sorte grande desse mundo e sempre papeio com mulheres oriundas de ambientes esnobes. Arrota-se fino caviar quando come-se melequentas sementes de mamão.O legal não é dizer que gostam de Beach Boys... não, eles são muito bregas! O tri mesmo é catar lá do universo paralelo alguma banda desconhecida e adorá-la justamente por ser desconhecida, pouco importando se é boa ou não. Tem é que ser diferente.

Muito chato isso. Numa conversa, sempre estaremos com a impressão de estar aprendendo (o que é bom) com a pessoa errada e mais chata do pedaço (o que é enfadonho). Sim, acontece com meninas isso, principalmente em se tratando de fêmeas da capital.

- Eu curto muito Suburban Kids With Biblical Names... nossa, muito massa! E tu, Marat?
- Olha, tchê... tô ouvindo ultimamente Eric Carmen...
- Ui, credo!


Creio piamente na teoria que um ser humano chega a um nível tal de cultismo que ignora as coisas mais farofas que há no mercado fonográfico mundial. Ou arranjam alguém que sempre foi um bosta e resolvem erguê-lo à condição de mestre ou poeta mal compreendido. Bundões! É gente que não tempera a porcaria da massa Miojo com o tempero artificial clássico, por achar esse negócio padrão demais.

No caso específico de Bebel foi até tranquilo. Batemos os gostos de cara e ela estava "pré-trovada" para a noite da casa do Costela. Baseado nesse preceito besta, lá fui eu testar minha terrível timidez, já citada. Os guris pressionando, eu querendo a Bebel e ela me querendo. A silhueta de seu crânio de cabelos desarrumados, mas presos, estava sob efeito da luz da rua, num efeito cafona e convidativo. Eis que o brilhante poeta aqui teve a louvável ideia de se expor da maneira mais estudada, arrebatadora e que provava todo um estudo até então. Dei no meio mesmo:

- E aí... Bel... que tal a gente ir prum cantinho?
- É, legal... onde?
- Ali, naquele sofá!

Gênio.

Funcionou, óbvio. Ficamos nos enrolando durante HORAS e foi tudo bem...

... ou não. Saldo da noite: Rodrigo viu sua gêmea mijando no pátio da casa, Técnico disse que comeu umas 3 vezes a outra (eu não vi, deixo bem claro), Costela farunfou sua menina e eu sai com os dedos com o cheiro agridoce da intimidade de Bebel. Tomamos um café na casa do beleza e aí que eu me liguei o odor de minhas mãos parecia... látex. Porra (literalmente, talvez)!

Oh, sim, ia esquecendo: as gêmeas levaram uns discos do Costela emprestados para sempre e achei Bebel, anos depois, vestida de tal maneira masculina que fiquei preocupado com minha reputação ao titubear entre um beijo na bochecha ou um aperto de mãos.
A banda que nos uniu? Hoje, até acho ela meio bundona, mas gosto dessa merda.

13 comentários:

  1. Tá certo então! Poderia ter citado algo mais interessante ou menos enfadonho que Eric Carmen, visto que SKWBN é massa pra caralho! Viciante eu diria. Eric Carmen não passa de lixo oitentista, como 80% das bandas dessa década. O que dizer de uma banda que tem como maior hit um som como All by myself=Letrinha de amor e melodiazinha superficial. E nem me venha com essa de que vendeu pra caralho, pois eu prefiro ficar pobre pra sempre a compor merdas como essa. Ah, quanto aos textos até que estão divertidos! Mas tu deveria te dedicar a uma coisa a qual tu sabe fazer bem Marat, escrever, e não criticar música. Deixe isso pra quem sabe ao menos fazê-la!

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  2. Falar sobre música é fácil, quero ver fazer algo surpreendente! Isso leva tempo e neurônios! O négócio é não ser um bundão, pouco importa o resto.

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  3. Eu acho a banda boa também, mas a noção de massa passa por uma série de filtros. Até porque se não fossem eles, todas as músicas seriam iguais no mundo, não? E se devemos fazer coisas surpreendentes, é por saber usar bem os filtros, direcionando sua arte para outras pessoas que tenham os mesmos. Ah, sim, obrigado pelo elogio, mas saiba: o blog ainda é de música.

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  4. E Eric Carmen é lixo, sim, mas setentista. E "All by myself" NÃO é uma música de amor. É um libelo ao cidadão que mora sozinho numa grande cidade. (não, não defenderei Eric Carmen mais do que isso)

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  5. Nada pessoal, bicho... eu conheço SKWBN por vossa causa. Só usei-os de bode expiatório para uma banda mais cult. O som deles é tri.

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  6. salve salve marat velho de guerra@!!! bons tempos de rock way hein! curti a historinha, assim como as do ano passado tb. sempre esse esqema de mulherada rende umas risadas. qto a polemica t digo q eu tb curto suburban kids mas ta longe de ser viciante como disse o nobre amigo. e' bacaninha no maximo, como 'europe' e 'rent a wreck'. e acho q falar de musica serve p/todo mundo senao a musica fica msmo tudo igual ou vira uma balburdia, ja q qm sabe faze-las nao fala nada nunca. ate o lobao virou fa de coisas ruins, cara...

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  7. e guilherme, eu conheco coisa sua por conta de sua banda com o marat. sua música 'o q s passa comigo' e' legal e bem feita, mas nada tao surpreendente ou digna de qm queimou neuronios em cima. vja q nao estou falando mal, ta? e agora eu entendi o q o marat quis dizer com eric carmen, 1 ex ate fraco. ele quis dizer q podemos falar de gostos simples e sem tanta coisa diferente sem o risco de parecer nao conhecer musica. nao e' por causa do suburban ou do eric em especifico. ele poderia ter usado as otimas e tradicionais wilco ou weezer e tb alguem como peter cetera. e' so exemplo. acho q nao era eu q devia explicar a piada, mas kkkk... e gente relaxem! afinal, nao e' p/isso q bebemos ou usamos drogas? let it be, ja dizia paul. vamos aprender a respeitar opinioes.

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  8. desculpe os acentos faltando e o nome. to teclando de celular e ta uma merda isso, ha ha ha. eu moro em igrejinha, cara... acho que tu lembra de mim lá do br. abraco ao guilherme e a ti e sucesso c/a banda.

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  9. Pra uma coisa serviu a histórinha (fraca) do Marat: fazer eu ouvir Eric Carmen e Biblical Names. Achei o primeiro cafona, brega, muito cheio de voltinhas, embora eu conhecesse "Hungry Eyes" e "All by myself" na voz de Sheryl Crow. Não acrescenta nada e espero muito que o marat tenha citado o cara só por ter pesquisado sobre. Você não é fã dele, né? Já os Meninos Suburbanos são o oposto: limpos. Mas aí mora o perigo: limpos e chatos. Parecem caras sem talento pra cantar e tocar que resolveram apostar no filão cool. Do jeito que sair, tá valendo e isso preserva a alma da música. Pra mim, isso não valeu de nada. E olha que ouvi bastante de cada um, pelo Youtube. Mas fica a aposta: se o "bo bo bo bo bo" de "Rent a wreck" estivesse tal e qual numa música de Carmen, em que pé estaria essa discussão?

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  10. Bom, ao menos meu comentário rendeu alguns frutos, visto que os últimos textos do blog não estavam sendo muito comentados! Ao anônimo digo: obrigado pela explicação da piada. Ok, quanto ao comentário de "O que se passa comigo" é obvio que não tem nada de surpreendente, muito menos de neurônios queimados, visto que esta música eu escrevi no início de minha adolescência com a imaturidade de meus quinze anos, e por isso certamente eu não a escreveria novamente, embora com aquela idade eu tenha realmente curtido escrever e cantar aquilo, o fato é que a partir de então tenho me dedicado a tentar escrever coisas interessantes e criar melodias mais profundas, e é isso que me leva a ouvir coisas diferentes, novas. Eu não acho que os garotos com nomes bíblicos façam a coisa da maneira como você falou Gustavo, e obviamente eu não estou falando "Rent a wreck" e sim do disco como um todo. O disco #3 é um disco onde podemos notar o grande conhecimento músical que esses rapazes tem, visto que é um disco que mistura muita coisa, ali notamos as influências de música eletrônica sem cair na chatice, influências sessentistas, influências de rock moderno e das boas coisas dos anos oitenta, e como se não bastasse, em algum momento do disco os caras arriscam até uma bossa. Eu achei o máximo! Viciei! Mas tudo bem se não te tocou, eu acho que isso tem muita relação com o que costumamos ouvir e se estamos dispostos a entender onde os suécos estão querendo nos levar com tudo isso! Agora, certamente também eu jamais os citaria como uma influência, visto que o som que eles fazem não guardam a mínima relação com o que eu tenho feito ultimamente!

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  11. É eu dar uma saidinha e o pessoal já discute no meu playground. Cada um de vocês têm boas parcelas de razões, visto que usam argumentos lógicos para defender suas ideias. O padrão do blog, desde sua 1ª era, foi sempre levantar discussões mesmo que acaloradas. E, como disse o Gustavo, serviu para, no mínimo, conhecerem duas bandas/dois artistas que certamente não pertenciam ao universo musical imediato de cada um. Assim sendo, cada um que tire suas próprias conclusões. Em tempo: não tenho Eric Carmen como ídolo. Só usei uma ou duas tardes para conhecê-lo (bem as tardes que usei para redigir o texto)e curti "Go all the way", de sua ex-banda, os Raspberries. E antes que o Costa, que é meu amigo (mas não gosta que um cara não diga "bah, massa"), fique puto comigo: bicho, seu disco de tropicália (mp3, lembra?) roda aqui em casa ainda, sem atropelos de faixas.

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